Influenciadoras se desculpam após divulgar empresa suspeita de tráfico humano
MC Thammy, Catherine Bascoy e Aila Loures afirmam que verificaram a idoneidade da empresa antes de firmar parceria
NACIONALInfluenciadoras digitais brasileiras vieram a público nesta semana para se retratar após divulgarem o Programa Start, iniciativa de intercâmbio para a Rússia que está sob suspeita de envolvimento com tráfico humano. Entre as que se manifestaram estão MC Thammy, Catherine Bascoy, Aila Loures, Raphaela Nogueira e Isabella Duarte, que disseram não ter tido a intenção de enganar seus seguidores.
A funkeira MC Thammy declarou que não apoiaria nada que fosse “prejudicial às pessoas” e que só aceitou a publicidade porque a empresa apresentava documentos e fotos, além de já ter sido anunciada por influenciadores de grande alcance. Após a repercussão negativa, ela apagou o vídeo e acionou sua equipe jurídica.
Na mesma linha, Catherine Bascoy afirmou ter limitado sua atuação à publicidade contratada, destacando que verificou as informações antes de fechar contrato. Já Aila Loures disse que as acusações contrariam seus princípios e que o material passou pelo crivo jurídico de seu escritório.
O que é o Programa Start?
O programa oferecia empregos para mulheres de 18 a 22 anos na Rússia, com salário de até US$ 680 mensais, além de transporte, hospedagem, seguro médico, aulas de russo e documentação garantida. As vagas eram anunciadas em diversas áreas, como hospitalidade, logística e alimentação.
No entanto, investigações apontam que as mulheres recrutadas eram direcionadas para trabalhar em fábricas de drones militares na Zona Econômica Especial de Alabuga, no Tartaristão, região vinculada ao Ministério da Defesa da Rússia.
Denúncias e suspeitas
Segundo reportagem da Associated Press, publicada em 2023, centenas de mulheres da África e da Ásia foram levadas a acreditar que fariam parte de programas de capacitação, mas acabaram em jornadas exaustivas de montagem de drones, em condições precárias e com riscos à saúde.
O relatório da Iniciativa Global contra o Crime Organizado Transnacional reforça que a prática apresenta características de tráfico humano, incluindo exploração de imigrantes e até de menores de idade.
A divulgação do programa por influenciadores brasileiros ocorreu via redes sociais como Instagram e TikTok, ampliando o alcance da propaganda. O caso já é alvo de atenção de órgãos internacionais, como a Interpol e o Departamento de Estado dos EUA, que relatou indícios de trabalho infantil na região.