O dólar encerrou a sessão desta quinta-feira (2) cotado a R$ 5,3395, alta de 0,20%, depois de atingir máxima de R$ 5,3727 pela manhã. O recuo no ritmo de valorização acompanhou o comportamento da moeda americana no exterior, marcado por volatilidade devido à paralisação parcial do governo dos EUA (shutdown) e incertezas sobre o afrouxamento monetário norte-americano.

No cenário doméstico, o mercado segue cauteloso diante da aprovação do projeto do Imposto de Renda na Câmara dos Deputados. Embora a proposta preveja compensações, como alíquota mínima de 10% para rendas acima de R$ 1,2 milhão e tributação de dividendos, ainda existem dúvidas sobre seus efeitos fiscais e impacto na inflação. Além disso, a medida é vista como uma vitória política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que pode reduzir chances da oposição, mais ligada à austeridade fiscal.

Na primeira etapa de negócios, o real apresentou o pior desempenho entre divisas latino-americanas, mas recuperou parte das perdas ao longo do dia, recuando menos que o peso mexicano e chileno. A elevada taxa real de juros doméstica tem limitado apostas mais agressivas contra a moeda e estimulado realização de lucros intradia.

Segundo operadores, parte da alta inicial do dólar pode ter sido impulsionada por especulações sobre a possível aprovação do projeto de zerar a tarifa de ônibus. Notícias posteriores sobre baixa probabilidade de avanço da proposta abriram espaço para correção de preço.

Para Marcelo Bacelar, gestor de portfólio da Azimut Brasil Wealth Management, a sinalização do Federal Reserve de mais cortes na taxa de juros e o tom firme do Banco Central brasileiro ajudam a manter o real relativamente estável, mesmo diante de desdobramentos fiscais. “Os efeitos de curto prazo no câmbio podem ocorrer, mas não devem impactar fortemente os preços dos ativos”, avaliou.

No mercado internacional, o Dollar Index (DXY), que mede a moeda americana frente a uma cesta de seis divisas fortes, terminou o dia em 98,800 pontos, alta de 0,15%, após romper 98,131 pontos pela manhã. O shutdown nos EUA tem aumentado a volatilidade, já que indicadores econômicos importantes, como o relatório de empregos (payroll) e dados de auxílio-desemprego, não foram divulgados.

O cenário reforça a cautela de investidores, enquanto a política fiscal brasileira e a situação econômica americana seguem como principais fatores de influência no câmbio.