Usuários do Pix que forem vítimas de fraudes, golpes ou erros sistêmicos agora contam com uma nova ferramenta para agilizar a devolução do dinheiro. O Banco Central liberou nesta quarta-feira (1º) o funcionamento oficial do chamado MED Autoatendimento — ou “botão de contestação” — que já está sendo implementado por bancos e instituições financeiras habilitadas a operar o sistema de transferências instantâneas.

A novidade permite contestar transações suspeitas de forma 100% digital, diretamente pelo aplicativo do banco, sem a necessidade de falar com atendentes, ir à agência ou acionar o suporte telefônico. Para usar o recurso, o cliente deve acessar o app da instituição, selecionar a opção “contestar Pix” ou “solicitar devolução” e anexar provas da fraude, como mensagens, prints e comprovantes.

A solicitação é encaminhada ao banco da conta que recebeu o valor, que bloqueia os recursos enquanto avalia a denúncia. As instituições têm até sete dias para analisar o caso. Se a fraude for confirmada, o dinheiro é devolvido em até 11 dias após o pedido.

Regras claras e limites do sistema

É importante destacar que a nova função vale apenas para casos de fraude, golpe ou erro sistêmico. Situações como arrependimento, desacordo comercial ou envio incorreto de Pix por digitação errada da chave continuam fora do escopo do Mecanismo Especial de Devolução (MED).

“A velocidade é chave para aumentar a capacidade de retenção dos valores bloqueados, caso realmente seja um caso de fraude”, explicou Paulo Condutta, coordenador da Comissão de Cibersegurança da Associação Brasileira de Bancos (ABBC). Segundo ele, o botão de contestação encurta o caminho que antes exigia o atendimento humano e o acionamento manual do setor antifraude.

Próximas fases incluem rastreio entre bancos

A atualização do MED faz parte de um pacote de medidas do Banco Central para reforçar a segurança do sistema Pix. Em agosto, a autarquia anunciou que, a partir de 23 de novembro, será possível solicitar devolução mesmo a partir de contas diferentes daquelas utilizadas no golpe. A funcionalidade será facultativa inicialmente e se tornará obrigatória para todas as instituições financeiras em 2 de fevereiro de 2026.

A mudança tem como objetivo impedir que os golpistas evitem a devolução ao transferir os valores recebidos para outras contas rapidamente. “É mais uma camada de proteção. Não basta só proteger o banco onde a fraude ocorreu, é preciso garantir que o rastro do dinheiro possa ser seguido em outros bancos”, avalia Condutta.

Riscos crescentes exigem respostas mais ágeis

As medidas chegam em um momento de alerta para o sistema financeiro. De acordo com relatório divulgado nesta semana pela agência Fitch Ratings, ataques cibernéticos têm se tornado mais frequentes e sofisticados. O documento aponta que fintechs e bancos menores estão mais vulneráveis, mas alerta que, à medida que os crimes se tornam mais complexos, o tamanho da instituição tende a ter menos importância, elevando o risco sistêmico.

O setor bancário tem respondido com iniciativas de conscientização. A ABBC lançou recentemente o site temcaradegolpe.com.br, que reúne orientações sobre prevenção a fraudes financeiras.

“Nós, como bancos, precisamos entender que a tecnologia é um desafio com o qual precisamos lidar, mas que também pode nos ajudar. Por isso, temos que utilizar a tecnologia para reforçar os nossos controles”, afirma Condutta.

Como usar o botão de contestação do Pix

Abra o aplicativo do seu banco ou instituição financeira

Procure pelas opções “Contestar Pix” ou “Solicitar devolução”

Selecione a transação suspeita

Anexe prints, mensagens ou comprovantes relacionados

Aguarde a análise da instituição financeira