Bets deverão bloquear contas de usuários que recebem Bolsa Família ou BPC
Norma do Ministério da Fazenda exige verificação diária de CPFs nos cadastros dos sites de apostas para impedir uso por beneficiários de programas sociais
ECONOMIASites de apostas esportivas, popularmente conhecidos como “bets”, terão que impedir o cadastro e bloquear o acesso de usuários que recebem o Bolsa Família ou o Benefício de Prestação Continuada (BPC). A exigência foi formalizada por uma instrução normativa publicada pela Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda, em cumprimento a uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
A medida, publicada no Diário Oficial da União, determina que as empresas de apostas consultem, diariamente, a base de dados do Sistema de Gestão de Apostas (Sigap), utilizando o CPF dos usuários. A verificação deve ser feita tanto no momento do cadastro quanto no primeiro login do dia.
Além dessas checagens pontuais, a norma obriga os operadores a realizarem, ao menos a cada 15 dias, uma varredura completa em suas bases de dados. O objetivo é identificar se algum usuário passou a integrar a lista de beneficiários dos programas sociais durante esse intervalo.
Caso seja detectado que o apostador está vinculado ao Bolsa Família ou ao BPC, a empresa de apostas terá até três dias para encerrar a conta e devolver os valores eventualmente depositados.
“Os agentes operadores de apostas devem implementar os procedimentos previstos nesta Instrução Normativa no prazo de até trinta dias, contado de sua publicação”, determina o texto da Fazenda.
A decisão do STF que embasou a instrução normativa considera que os recursos públicos destinados à assistência social não devem ser utilizados em jogos de azar ou apostas. A nova regra tenta criar uma barreira para o uso indevido do dinheiro voltado a famílias em situação de vulnerabilidade.
O Benefício de Prestação Continuada (BPC) é destinado a pessoas com deficiência e idosos com 65 anos ou mais que não têm meios de se sustentar. Já o Bolsa Família atende famílias em situação de pobreza e extrema pobreza em todo o país.
A instrução normativa integra o esforço do governo federal para regular o setor de apostas esportivas, que movimenta bilhões anualmente e passa a ser mais controlado com o avanço da legislação específica para o segmento.
O Ministério da Fazenda será responsável por fiscalizar o cumprimento da norma. O não bloqueio das contas de beneficiários pode acarretar sanções às empresas, que também precisam garantir a segurança e a transparência no tratamento dos dados dos usuários durante as consultas ao sistema.