Ricardo Eugenio | 30 de setembro de 2025 - 18h14

Senadora sul-mato-grossense surge como opção de consenso para comandar o Senado em 2027

Nome de Tereza Cristina aparece com força em cenários que projetam maioria conservadora no Congresso

SENADO
A senadora Tereza Cristina em destaque e, ao fundo, o comentarista Manoel Afonso, que analisou no rádio os cenários para a presidência do Senado em 2027 - (Foto: Ilustração - A Crítica)

Na manhã desta terça-feira (30), durante o programa de rádio da Cidade FM 97,9, o jornalista Manoel Afonso levantou uma hipótese que circula nos bastidores de Brasília: a possibilidade de Tereza Cristina se tornar presidente do Senado em 2027.

A articulação não é simples. Segundo o comentário, para que a ex-ministra e atual senadora chegue ao comando da Casa, seria necessário que o senador Rogério Marinho (PL-RN) conquistasse o governo do Rio Grande do Norte. A vitória dele abriria espaço para uma recomposição de forças da direita no Senado, fortalecendo a bancada e aumentando as chances de eleger Tereza Cristina.

“O que vale aí é o Senado”, resumiu Manoel Afonso, ao destacar que a disputa promete ser intensa.

Confira o áudio: Tereza Cristina cotada para presidir o Senado em 2027, diz Manoel Afonso:

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O perfil de Tereza Cristina - Descrita como equilibrada em suas decisões, Tereza Cristina conseguiu, segundo a análise, um feito político raro: se descolar da imagem de Jair Bolsonaro sem romper totalmente com a base conservadora. A senadora manteve vínculos, apoiou pautas estratégicas, mas evitou se associar aos arroubos e às polêmicas que desgastaram o ex-presidente.

Esse movimento lhe permitiu transitar entre diferentes alas da direita e manter credibilidade junto a setores que defendem uma agenda mais racional e pragmática. “Ela conseguiu não ser afetada pelas loucuras do ex-presidente”, destacou Afonso.

Bolsonarismo sem Bolsonaro? O comentário também trouxe uma provocação: seria possível existir um bolsonarismo sem Bolsonaro? Para Manoel Afonso, sim. O fortalecimento da direita no Congresso não dependeria necessariamente da figura do ex-presidente, mas da manutenção de uma base articulada, disciplinada e menos sujeita a desgastes pessoais.

A lembrança do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta apareceu como exemplo de como Bolsonaro se perdeu ao se indispor com aliados durante a pandemia. Enquanto Mandetta crescia na opinião pública pela postura técnica e científica, Bolsonaro minava seu espaço, preocupado com uma possível rivalidade. “Politicamente, foi um desastre”, analisou Afonso.

O fator Azambuja - Outro ponto levantado por Manoel Afonso foi a capacidade do ex-governador Reinaldo Azambuja, hoje à frente do PL em Mato Grosso do Sul, de reunir e organizar a direita regional. Para o comentarista, a experiência política de Azambuja pode ser determinante para dar coesão a um grupo naturalmente diverso.

“Será que o PL, sob o comando do Azambuja, vai conseguir congregar, vai unificar esse time? Quem serão os candidatos a deputado federal ou senado? Porque hoje a coisa está meio dividida. Agora, vai da habilidade dele de conseguir reunir, como ele já fez no passado”, disse Afonso.

Ele lembrou que, por se tratar de um processo político de longo prazo, há sempre riscos de dispersão. Ainda assim, destacou que Azambuja já demonstrou, em outros momentos, habilidade em articular prefeitos e lideranças regionais. “Não é fácil porque é tudo movido meio que por interesses. Mas a habilidade dele pode novamente fazer diferença”, completou.

Os cenários possíveis - Se confirmada a candidatura de Rogério Marinho ao governo potiguar e se a direita conseguir consolidar maioria no Senado, Tereza Cristina entra como nome forte para presidir a Casa. Sua imagem de equilíbrio, aliada à habilidade de transitar em diferentes frentes, dá a ela uma vantagem em relação a outros nomes mais polarizadores.

O caminho, no entanto, é longo. Até 2027, alianças podem se quebrar, novos atores políticos podem emergir e escândalos podem mexer no tabuleiro. Ainda assim, o fato de seu nome já ser ventilado mostra como a senadora se tornou peça estratégica em um jogo de poder que vai muito além de Mato Grosso do Sul.