O governo federal intensificou o monitoramento de casos de intoxicação por metanol em São Paulo após a confirmação de dez ocorrências, incluindo três mortes. A suspeita é que as vítimas ingeriram bebidas alcoólicas contaminadas com a substância em bares e festas, o que marca um padrão inédito em comparação aos casos anteriores, geralmente associados a álcool adulterado consumido por pessoas em situação de rua.

A atualização foi feita durante reunião extraordinária do Comitê Técnico do Sistema de Alerta Rápido (SAR), realizada na segunda-feira (29). O encontro contou com a participação de representantes dos ministérios da Saúde, Justiça, Agricultura, além de órgãos como Anvisa, Polícia Federal, Receita Federal e Instituto Médico Legal de São Paulo.

Diante do risco sanitário, o Ministério da Saúde orientou que todas as unidades de saúde sigam o protocolo de notificação para casos suspeitos de intoxicação exógena, especialmente na rede de urgência e emergência.

Segundo o governo, o atual surto tem características diferentes das ocorrências registradas anteriormente. Enquanto os casos antigos envolviam a ingestão de metanol misturado ao álcool vendido em postos, os registros mais recentes indicam consumo social de destilados como gin, vodka e whisky em estabelecimentos comerciais.

Esse novo perfil de exposição levantou a hipótese de que existam outros casos ainda não notificados ou sob investigação. Por isso, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) emitirá um alerta aos Procons com orientações para fornecedores e consumidores sobre os riscos na comercialização e ingestão de bebidas alcoólicas.

O Ministério da Agricultura e Pecuária também acompanha o caso e avalia medidas de fiscalização no setor.

A intoxicação por metanol é considerada uma emergência médica grave. Quando metabolizado pelo corpo, o metanol se transforma em substâncias tóxicas como formaldeído e ácido fórmico, que podem provocar danos irreversíveis ou até a morte.

Entre os principais sintomas estão visão turva ou perda de visão, náuseas, vômitos, dores abdominais, mal-estar e sudorese. A exposição pode levar à cegueira e ao óbito se o atendimento médico não for imediato.

A orientação é buscar uma unidade de saúde o mais rápido possível ao apresentar qualquer sinal de intoxicação e informar se houve consumo de bebida alcoólica suspeita. Contatos para emergência incluem:

• Disque Intoxicação da Anvisa: 0800 722 6001
• Centro de Controle de Intoxicações de São Paulo: (11) 5012-5311 ou 0800 771 3733
• CIATox (centros regionais): informações disponíveis nos canais oficiais da Anvisa

O Ministério da Saúde também recomenda que pessoas que estiveram com as vítimas e consumiram as mesmas bebidas procurem atendimento, mesmo que ainda não tenham apresentado sintomas.

Nesta terça-feira (30), os ministros da Saúde, Alexandre Padilha, e da Justiça, Ricardo Lewandowski, ao lado do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, realizarão uma coletiva para detalhar o plano de ação do governo federal.

A iniciativa busca reforçar a vigilância, ampliar a fiscalização e evitar que novos casos ocorram, já que o metanol é um produto altamente tóxico e não pode ser utilizado em bebidas de consumo humano.