Redação | 30 de setembro de 2025 - 07h30

Presidente da Conafer é preso durante depoimento à CPMI do INSS

Carlos Lopes foi detido por mentir ao colegiado e é investigado por envolvimento em descontos ilegais de aposentadorias

FRAUDE INSS
Presidente da Conafer é preso em flagrante pela CPMI do INSS Compartilhe este conteúdo no Whatsapp Fonte: Agência Senado - (Foto: Agência Brasil)

Carlos Roberto Ferreira Lopes, presidente da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), foi preso em flagrante na madrugada desta terça-feira (30), enquanto prestava depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A prisão foi confirmada pelo Senado Federal.

Segundo o presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), Lopes mentiu durante o depoimento, mesmo após ter jurado compromisso com a verdade. A comissão investiga a atuação de entidades que aplicaram descontos não autorizados nas aposentadorias de milhares de brasileiros.

Durante a oitiva, o dirigente negou participação em irregularidades, mas alegou desconhecer detalhes sobre a atuação de empresas e pessoas ligadas à Conafer. Para Viana, além de omitir informações, Lopes tentou convencer os parlamentares de que as ações investigadas estavam dentro da legalidade, o que configuraria falsidade ideológica.

A Conafer está entre as entidades que mais realizaram descontos nas aposentadorias ao longo dos últimos anos. De acordo com a Polícia Federal, os valores foram retirados sem a devida autorização dos beneficiários, o que motivou a inclusão da entidade nas investigações.

Os números chamam atenção: entre 2019 e 2024, os descontos feitos pela Conafer cresceram mais de 790 vezes. Nesse período, a soma total das mensalidades descontadas de aposentados e pensionistas chegou a R$ 688 milhões.

Além de liderar a entidade, Carlos Lopes tem outros negócios. Ele é sócio de uma empresa que atua com melhoramento genético de gado e também comanda um quiosque que vende artesanato indígena no Aeroporto Internacional de Brasília. 

A prisão em flagrante durante uma comissão parlamentar é um fato raro e reforça a gravidade das suspeitas sobre a conduta de dirigentes de entidades que atuam junto ao INSS. A investigação segue em curso.