Padilha critica restrição imposta pelos EUA e defende Mais Médicos em reunião da OPAS
Ministro da Saúde participou de forma remota do encontro em Washington após ter visto com limitações pelo governo Trump
MINISTRO DA SAÚDEO ministro da Saúde, Alexandre Padilha, participou de forma remota nesta segunda-feira (29) da reunião do Conselho Diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em Washington (EUA). Ele desistiu da viagem após receber visto com restrições do governo de Donald Trump, que autorizava sua presença apenas na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, com deslocamento limitado entre hotel e local do evento. A ida a Washington não foi permitida.
“O governo de Washington impediu a minha circulação como ministro da Saúde do Brasil, mas não restringirá a circulação das nossas ideias. Podem impor tarifas abusivas, mas não vão impedir nossa vocação para a cooperação entre os povos das Américas”, declarou Padilha. Sua participação remota foi aprovada por unanimidade pela comissão da OPAS.
Durante o discurso, o ministro destacou o programa Mais Médicos, lembrando que, atualmente, dos 26.794 médicos ativos, 23.389 são brasileiros e apenas 2.809 cubanos. “Trata-se de uma política consolidada com a parceria da OPAS e aprovada por quem importa: a OMS, as leis e a população brasileira”, afirmou.
Em tom crítico aos EUA, Padilha citou a preocupação com o aumento de casos de sarampo nas Américas. Até o início do mês, os Estados Unidos registravam três mortes pela doença, atrás apenas do México, com 14. “Não precisamos de restrições a autoridades, nem de bloqueios a países. O que precisamos restringir são doenças — como o sarampo que se espalha a partir da América do Norte”, disse.
O ministro também reforçou o compromisso do Brasil com a produção regional de vacinas, em especial as baseadas em RNA mensageiro, para fortalecer a rede de imunização na região.
Ele ainda criticou o avanço do negacionismo, mencionando a pandemia de Covid-19 e as perdas causadas por líderes que desacreditaram a ciência. “Nada impedirá o Brasil de agir diante do negacionismo. Quando isso parte de líderes de governo, vidas são perdidas. Cortes em programas de vacinação e pesquisa representam um retrocesso e uma ameaça à vida”, concluiu.