No início de setembro, Diogo Marques de Sousa, 23 anos, passou três dias internado no Hospital do Grajaú, na zona sul de São Paulo, após consumir gin adulterado com metanol. O jovem relatou que chegou a ficar temporariamente cego, mas recuperou a visão.

"Eu não estava enxergando assim que acordei. Tudo escuro, e uma dor de cabeça muito forte. Entrei em desespero porque estava sozinho em casa", contou Diogo ao Estadão.

Ele integrava o mesmo grupo do jovem de 27 anos que permanece em coma desde 1º de setembro, internado no Hospital São Luiz, em Osasco. Diogo descreveu que, aos poucos, sua visão melhorou e que tentou hidratar-se e se alimentar antes de procurar atendimento médico.

Segundo o Centro de Vigilância Sanitária (CVS) de São Paulo, ao menos três pessoas morreram em setembro vítimas de intoxicação por metanol, registradas na capital e em São Bernardo do Campo. Desde junho, outros seis casos foram confirmados, e atualmente 10 pacientes são investigados por possível contaminação.

O grupo comprou as bebidas em uma adega conhecida, onde a polícia apreendeu garrafas de gin para perícia. "O gin era de uma marca muito boa, não era barato. Meu amigo gastou cerca de R$ 400", disse Diogo. O consumo ocorreu na madrugada de 31 de agosto, em uma confraternização que incluía gin, gelo de água de coco e energético.

Cinco pessoas, com idades entre 23 e 27 anos, participaram da reunião. O caso mais grave envolveu o jovem de 27 anos, que ingeriu a bebida pura, apresentando fortes dores abdominais, vômitos e perda de visão, necessitando de ventilação mecânica no hospital.

A polícia recolheu garrafas na casa da vítima e mais 14 unidades na Adega Santos, local da compra. Os funcionários afirmaram que o grupo é conhecido por consumir grandes quantidades de álcool e que o rapaz já apresentava sinais de embriaguez anteriormente. O dono do estabelecimento está em viagem, mas prometeu disponibilizar filmagens e comprovantes de compra assim que retornar.