'A Crítica Visita': Transição energética em MS ganha força com gás natural, afirma diretor da AGEMS
Em entrevista ao 'A Crítica Visita', Matias Gonçalves Soares destacou abertura do mercado de gás, investimentos em segurança e avanços rumo a fontes renováveis
SUSTENTABILIDADEO diretor de Gás, Energia e Mineração da Agência Estadual de Regulação de Mato Grosso do Sul (AGEMS), Matias Gonçalves Soares, destacou em entrevista ao A Crítica Visita, que o gás natural tem papel fundamental na transição energética do estado. Ele ressaltou que, além de contribuir para a sustentabilidade, a abertura do mercado garante competitividade, amplia oportunidades para as indústrias e fortalece o desenvolvimento econômico.
“O gás natural é chamado de energético de transição. Saímos dos mais poluentes, como diesel e óleo combustível, para uma fonte mais limpa. E, a partir dele, avançamos para combustíveis de impacto ambiental zero. O momento é agora”, explicou.
Matias lembrou que, após a aprovação de lei federal, o setor passou a permitir a compra de gás de diferentes fornecedores, rompendo a exclusividade da Petrobras. A AGEMS, segundo ele, já regulamentou a medida por meio de portarias.
“Se você tem uma indústria que utiliza gás natural, pode comprar de outro fornecedor, da Bolívia ou de qualquer lugar que ofereça condições. Isso gera concorrência e tende a reduzir o preço para o consumidor”, afirmou.
Na prática, essa abertura beneficia diretamente a economia estadual. “Quando a indústria reduz custos energéticos, consegue investir em outras áreas, ampliar sua produção e gerar empregos. Isso movimenta toda a cadeia econômica”, destacou.
Segurança em primeiro lugar - O diretor reforçou que a segurança é prioridade no fornecimento e uso do gás natural. “Temos uma equipe experiente que acompanha obras, operações e equipamentos. Até hoje, mantemos perigo zero, porque tudo é acompanhado e, se há necessidade, é corrigido rapidamente”, assegurou.
Ele lembrou que acidentes registrados em outros estados, como explosões de veículos, geralmente estão relacionados a instalações clandestinas e fora dos padrões de segurança. “O problema não é o gás natural, mas sim a forma irregular como alguns instalam, sem obedecer normas da ABNT e sem válvulas de segurança. São exceções que não representam o setor formal”, explicou.
Matias destacou ainda que Mato Grosso do Sul está à frente em projetos de transição energética, especialmente no uso de biogás e biometano. “Estamos articulando para colocar biogás no sistema. Usinas de álcool e criadores de suínos, por exemplo, podem transformar dejetos em gás natural. Em vez de liberar metano no ar, ele entra no duto e vira energia e dinheiro”, disse.
Ele lembrou que o estado já se consolidou na produção de energia solar e tem potencial para expandir em outras frentes, como a eólica. “Nosso papel é compatibilizar todas essas fontes. A AGEMS participa de grupos técnicos em Brasília para acompanhar as mudanças e garantir que Mato Grosso do Sul não perca espaço nesse cenário”, afirmou.
Perspectivas para os próximos anos - Para Matias, os próximos passos são claros: ampliar a integração entre energias renováveis e assegurar o fornecimento confiável para indústrias em crescimento. “Temos grandes empresas de celulose e agroindústrias se instalando. Em volta delas, surgem várias outras indústrias que também precisam se desenvolver. O gás natural e as energias limpas entram como base desse processo”, explicou.
Ele destacou que o Brasil já tem 80% de sua matriz elétrica baseada em hidrelétricas, mas que é essencial diversificar. “Temos que fortalecer as fontes renováveis e ambientalmente corretas, sem perder de vista os compromissos de ESG. Mato Grosso do Sul está em excelente posição: cresce economicamente e cuida do meio ambiente”, avaliou.
O diretor enfatizou que a transição energética deve respeitar as características de cada região do estado. “A costa leste tem grandes indústrias de celulose. Já em Dourados e Cidrolândia, o potencial está na soja e no milho. Em outras regiões, a força é a pecuária. A ideia é aproveitar cada peculiaridade, levar gás natural e, onde não for possível, garantir energia elétrica estável para não parar a indústria”, detalhou.
Segundo ele, essa estratégia garante equilíbrio entre desenvolvimento econômico e sustentabilidade. “É um orgulho ver Mato Grosso do Sul avançar dessa forma, unindo crescimento industrial e responsabilidade ambiental. Tenho certeza de que dará certo”, concluiu. Confira a entrevista completa: