Redação O Estado de S. Paulo | 28 de setembro de 2025 - 21h45

Avião que caiu no Pantanal bateu em árvore antes da queda, aponta Polícia Civil

Investigação aponta que aeronave tentou pousar fora do horário permitido; acidente matou o arquiteto chinês Kongjian Yu, dois documentaristas brasileiros e o piloto

QUEDA DE AVIÃO
Causas do acidente em Aquidauana ainda serão apuradas pelo Cenipa; as quatro pessoas que estavam a bordo morreram. - (Foto: Polícia Civil MS)

A Polícia Civil de Mato Grosso do Sul concluiu que o avião que caiu em Aquidauana, no Pantanal, na última terça-feira (23), colidiu com uma árvore antes de perder sustentação e incendiar. O acidente matou o renomado arquiteto chinês Kongjian Yu, os documentaristas brasileiros Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz e Rubens Crispim Jr., além do piloto Marcelo Pereira de Barros.

1 - O arquiteto paisagista e urbanista chinês Kongjian Yu, professor da Universidade de Pequim; 2 - O documentarista Luiz Ferras está entre as vítimas; 3 - Cineasta Rubens Crispim 4 - Piloto Marcelo Pereira. - (Foto: Divulgação)

Segundo a delegada Ana Cláudia Medina, galhos encontrados na fuselagem e imagens gravadas pela própria equipe ajudaram a reconstituir a dinâmica da queda. “Bateu na árvore, perdeu sustentação, caiu e incendiou. Todos morreram na hora”, disse em entrevista ao Fantástico.

Pouso irregular e falta de visibilidade

De acordo com a investigação, o avião Cessna 175 tentou pousar em horário proibido para aquela pista — somente até 17h39 seria permitido operar. O acidente ocorreu às 18h03, já sem condições de visibilidade. Na primeira tentativa, o piloto arremeteu ao perceber que estava desalinhado. Na segunda, a aeronave atingiu uma árvore de 20 metros, a cerca de 300 metros da cabeceira.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que o avião estava autorizado apenas para voo diurno e não possuía equipamentos para operação noturna ou em mau tempo. Além disso, era registrado como de uso privado e não tinha permissão para funcionar como táxi aéreo.

Aeronave antiga e histórico de apreensão

O Cessna havia sido fabricado em 1958 e adquirido pelo piloto em 2015. Em 2019, chegou a ser apreendido por suposto transporte irregular de turistas, permanecendo inativo até 2024. Após reforma supervisionada pela Anac, voltou a operar no início deste ano.

O advogado de Barros, Djalma Silveira, afirmou que o piloto não realizava voos comerciais irregulares, mas usava a aeronave para situações emergenciais no Pantanal, como resgate de pessoas isoladas. Segundo ele, a acusação de táxi aéreo surgiu apenas porque Barros havia mandado imprimir cartões de visita da empresa Aero Safari, que ainda estava em fase de criação.

Investigações continuam

Embora a Polícia Civil já tenha apontado as causas do acidente, o caso também é apurado pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), órgão da Força Aérea Brasileira.