O PT decidiu resgatar as cores da bandeira nacional em sua comunicação partidária e deve lançar, em outubro, uma nova leva de inserções televisivas com forte presença do verde, amarelo, azul e branco. A estratégia busca “desavermelhar” a imagem da legenda e disputar os símbolos nacionais, até então associados à direita e ao bolsonarismo.

Segundo o secretário de Comunicação do PT, Éden Valadares, a reviravolta política dos últimos dias — com a derrota da PEC da Blindagem no Congresso, as manifestações contra anistia a golpistas e a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na 80ª Assembleia-Geral da ONU — criou um ambiente propício para essa mudança.

“As manifestações de rua e os atos da extrema-direita tiraram deles o monopólio dos símbolos nacionais. Nosso programa terá muito verde, amarelo, azul e branco. Vamos mostrar as cores e as caras do Brasil, com a Amazônia, o sertão, os pampas e os grandes centros urbanos”, disse Valadares.

As inserções vão exibir cenas da bandeira gigante do Brasil estendida na Avenida Paulista no último dia 21, em contraponto à bandeira dos Estados Unidos usada por apoiadores de Jair Bolsonaro no 7 de Setembro.

Outro destaque será a participação de Lula na ONU, dez dias após a condenação do ex-presidente pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a 27 anos e três meses de prisão.

Embora a propaganda não cite diretamente a PEC da Blindagem, o tema deve aparecer de forma indireta, dentro da mensagem de defesa da democracia e da transparência institucional.

A mudança de tom vem após uma crise interna, quando 12 deputados do PT votaram a favor da PEC e oito apoiaram a proposta de voto secreto em processos contra parlamentares. A divergência levou Lula a orientar formalmente as bancadas contra “qualquer redução de pena para quem planejou golpe de Estado” e contra a retomada de prerrogativas parlamentares.

Na primeira rodada de inserções, o PT destacou o protagonismo das mulheres com jornada dupla, defendendo o fim da escala 6x1. Agora, os vídeos terão como bandeira medidas do governo, como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e a taxação dos “BBB” — bilionários, bancos e casas de apostas (bets).

As inserções deste ano indicam a linha que deve ser seguida na campanha presidencial de 2026. A estratégia consiste em abandonar o discurso de confronto direto, marcado pelo “nós contra eles”, e substituí-lo pelo conceito de “justiça tributária”, aliado à apropriação dos símbolos nacionais.