WASHINGTON | 26 de setembro de 2025 - 18h15

Trump diz que acordo para encerrar guerra em Gaza foi alcançado, mas Netanyahu nega trégua

Presidente dos EUA fala em fim do conflito e libertação de reféns, mas primeiro-ministro israelense reafirma ofensiva contra o Hamas na ONU

MUNDO
O presidente Donald Trump fala com repórteres antes de deixar a Casa Branca, sexta-feira, 26 de setembro de 2025, em Washington. - (Foto: Julia Demaree Nikhinson / AP)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira (26) que acredita que um acordo para encerrar a guerra entre Israel e o Hamas foi alcançado, após novas conversas com países árabes. A declaração surpreendeu ao contrastar com o posicionamento firme do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, que reafirmou em discurso na ONU que Israel “precisa terminar o trabalho” contra o grupo palestino.

"Acho que temos um acordo", disse Trump a jornalistas na Casa Branca. "Parece que é um acordo que permitirá recuperar os reféns e porá fim à guerra", declarou, sugerindo uma solução negociada com apoio árabe.

Enquanto isso, na Assembleia Geral da ONU, Netanyahu adotou um tom totalmente diferente. Em uma fala marcada por tensões diplomáticas, ele rejeitou qualquer cessar-fogo imediato e criticou o que chamou de “pressão internacional injusta”.

“O Ocidente pode ter cedido à pressão”, afirmou Netanyahu, dirigindo-se a líderes mundiais. “Mas eu garanto uma coisa: Israel não o fará.” O primeiro-ministro tem enfrentado crescente isolamento internacional e acusações de crimes de guerra por causa da ofensiva contínua em Gaza.

Durante seu discurso, várias delegações internacionais deixaram o plenário em protesto — entre elas, a do Brasil. A delegação dos Estados Unidos permaneceu, mas enviou apenas representantes de baixo escalão, o que sinaliza um certo distanciamento político do governo americano.

Netanyahu também atacou diretamente as recentes decisões de diversos países de reconhecer o Estado palestino. “Essa decisão vergonhosa encorajará o terrorismo contra judeus e inocentes em todo o mundo”, afirmou.

O primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu discursa durante o debate geral da Assembleia Geral das Nações Unidas na sede da ONU em Nova York, em 26 de setembro de 2025. - (Foto: Angela Weiss / AFP)

O premiê israelense dedicou parte de sua fala à situação dos reféns ainda mantidos em Gaza, lendo os nomes de 20 israelenses que, segundo ele, ainda estariam vivos. No entanto, o Hamas reagiu com dureza às declarações, acusando Netanyahu de manipular os fatos.

“Se ele realmente se importasse com seus prisioneiros, teria interrompido os bombardeios e massacres em Gaza”, disse o grupo em comunicado oficial. “Ele mente e continua colocando as vidas dos reféns em risco”, acusou o Hamas.

Apesar do apoio histórico dos EUA a Israel, Trump indicou na quinta-feira (25) que não permitirá uma eventual anexação da Cisjordânia ocupada — proposta defendida por alas mais conservadoras do governo Netanyahu.

Palestinos correm para se proteger durante um ataque aéreo israelense a um prédio alto na Cidade de Gaza, sexta-feira, 5 de setembro de 2025, após Israel emitir um alerta. - (Foto: Yousef Al Zanoun/ AP)

Israel ainda não confirmou planos formais de anexação, mas aprovou recentemente projetos de assentamentos na região que, segundo críticos, podem inviabilizar a criação de um futuro Estado palestino.

Os palestinos reivindicam a Faixa de Gaza, a Cisjordânia e Jerusalém Oriental como partes de um Estado soberano. Israel, por sua vez, se retirou de Gaza em 2005, mas continua presente na Cisjordânia. Netanyahu rejeita categoricamente a solução de dois Estados, argumentando que isso seria uma recompensa ao Hamas.

“Israel está lutando contra o islamismo radical em nome de todas as nações”, declarou o premiê. “Vocês sabem lá no fundo que Israel está lutando a sua luta.”

(Com agências internacionais)