26 de setembro de 2025 - 13h50

Brasil e outras delegações deixam plenário da ONU em protesto contra Netanyahu

Brasil e outras delegações deixam plenário da ONU em protesto contra Netanyahu

INTERNACIONAL
Premiê israelense estava no púlpito e se preparava discursar quando as delegações deixaram o plenário - ( Foto: Jeenah Moon/Reuters)

Representantes do Brasil e de diversos outros países deixaram o plenário da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta sexta-feira (26), pouco antes do início do discurso do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. O protesto foi previamente articulado entre as delegações como uma resposta direta à escalada de violência contra a população palestina na Faixa de Gaza.

O Itamaraty confirmou a retirada da delegação brasileira, mas informou que não fará "manifestações adicionais" sobre o ato. O gesto diplomático silencioso ecoa posicionamentos anteriores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, em mais de uma ocasião, denunciou a atuação de Israel como genocida.

Durante a abertura da assembleia, na última terça-feira (23), Lula foi contundente: “Os atentados terroristas perpetrados pelo Hamas são indefensáveis sob qualquer ângulo. Mas nada, absolutamente nada, justifica o genocídio em curso em Gaza. Ali, sob toneladas de escombros, estão enterradas dezenas de milhares de mulheres e crianças inocentes. Ali também estão sepultados o direito internacional humanitário e o mito da superioridade ética do Ocidente.”

Com o plenário visivelmente esvaziado, Netanyahu manteve um tom combativo. Ele repetiu acusações ao Hamas e disse que os inimigos de Israel também são inimigos dos Estados Unidos e de outros países. O premiê não fez menção direta à saída das delegações, mas reforçou que não aceitará a criação de um Estado Palestino.

Netanyahu também agradeceu o apoio do presidente norte-americano Donald Trump e defendeu as operações militares como legítimas diante do ataque do Hamas em outubro de 2023, que matou cerca de 1.200 israelenses e fez 220 reféns.

O conflito entre Israel e Hamas foi um dos principais temas da Assembleia Geral da ONU este ano. Diversos países tradicionalmente aliados dos Estados Unidos e de Israel — como Reino Unido, França, Canadá e Austrália — anunciaram o reconhecimento oficial do Estado Palestino.

O Brasil reconhece a soberania palestina desde 1967 e defende a criação de dois Estados, convivendo lado a lado com garantias mútuas de segurança.

Apesar do movimento diplomático crescente, o governo de Israel endureceu o discurso. Netanyahu declarou que “não haverá Estado Palestino” e autorizou operações mais profundas em Gaza, incluindo ações militares na cidade homônima, a maior do enclave.

Desde o início da ofensiva israelense em outubro de 2023, mais de 60 mil palestinos morreram em Gaza, segundo o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas. Os ataques atingiram hospitais, escolas e outras infraestruturas civis. O bloqueio nas fronteiras dificulta o acesso a água potável, alimentos e medicamentos, agravando a crise humanitária.

Israel afirma que seu objetivo é libertar os reféns que permanecem sob controle do Hamas e enfraquecer o grupo armado. Estima-se que ainda haja cerca de 50 reféns em Gaza, sendo 20 deles considerados vivos.