Redação O Estado de S. Paulo | 26 de setembro de 2025 - 13h30

Netanyahu leva discurso à ONU e pressiona Hamas com ultimato e QR code simbólico

Em tom desafiante, primeiro-ministro israelense promete que guerra só acabará com liberação de reféns e desmilitarização de Gaza

INTERNACIONAL
O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, visita o local que foi alvo de um atentado terrorista em Jerusalém Oriental - (Foto: Menahem Kahana/AFP)

Nesta sextafeira (26), o premiê israelense Benjamin Netanyahu fez um discurso na AssembleiaGeral da ONU em que reafirmou a linha dura de seu governo contra o Hamas e o Eixo da Resistência apoiado pelo Irã. Entre os destaques da fala, Netanyahu mencionou operações contra o Hezbollah e instalações nucleares iranianas, justificou táticas destinadas a pressionar o inimigo e exigiu que os militantes libertem os reféns que mantêm em Gaza.

No início da intervenção, ele relembrou explosões registradas em walkie-talkies e pagers ligados a integrantes do Hezbollah, ocorridas em setembro de 2024, além de atacar o programa nuclear iraniano. Em gesto simbólico, prendendo um broche no paletó, Netanyahu exibiu um QR code que, segundo seu gabinete, leva a vídeos de câmeras de segurança de Israel referentes ao ataque terrorista de 7 de outubro de 2023.

O premiê afirmou que instalou alto-falantes na fronteira com Gaza para transmitir mensagens aos reféns e chegou a declarar que o discurso estava sendo “transmitido ao vivo” aos celulares da população de Gaza, graças a esforços de inteligência israelense. Ele exigiu que o Hamas libere os cativos: “Se o fizerem, viverão. Se não, Israel os caçará.”

Netanyahu condicionou o fim da guerra à aceitação de termos como a desmilitarização da Faixa de Gaza — exigência já rejeitada publicamente pelo Hamas. Ele também agradeceu o apoio dos Estados Unidos, em especial de Donald Trump, citando bombardeios conjuntos contra alvos iranianos.

O discurso gerou manifestações simbólicas na assembleia: dezenas de diplomatas deixaram o recinto antes do início da fala de Netanyahu. A decisão de vários países de reconhecerem um Estado palestino está pressionando diplomáticos israelenses e exigindo respostas no palco global.

Internamente, há tensão na aliança de governo: ministros mais radicais desejam anexação (total ou parcial) da Cisjordânia, algo que Trump já afirmou não apoiar em sua reunião esperada com Netanyahu dia 29. O premiê, por ora, mantém o foco no esforço militar em curso — inclusive na ofensiva à cidade de Gaza — e está sob forte pressão popular, com manifestações exigindo cessar-fogo. Se por um lado ele tenta reforçar sua imagem de firmeza nas Nações Unidas, por outro encara um quadro volátil de credibilidade internacional.