Gabriel Damasceno | 25 de setembro de 2025 - 13h15

ONU é criticada por excluir a obesidade de declaração sobre doenças crônicas

Especialistas alertam para impacto global da condição e cobram políticas públicas mais efetivas

SAÚDE
Obesidade afeta mais de 1 bilhão de pessoas no mundo - Foto: Steve Porter/Adobe Stock

A nova Declaração Política sobre Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs), que será votada nesta semana na Assembleia Geral da ONU, gerou críticas de entidades médicas por não reconhecer a obesidade como doença.

O documento também não menciona medidas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como o plano de ação internacional contra a obesidade, que orienta países a incluir prevenção e tratamento na atenção primária, além de adotar políticas de alimentação saudável, taxação de ultraprocessados e acesso a terapias eficazes.

De acordo com a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), a exclusão da obesidade da declaração é preocupante. Atualmente, mais de 1 bilhão de pessoas vivem com a condição no mundo, e o impacto econômico pode chegar a 3% do PIB global até 2030.

“O problema não pode ser ignorado. É preciso que governos assumam compromissos claros, baseados em ciência, para garantir prevenção e tratamento efetivos”, afirmou o presidente da Abeso, Fábio Trujilho.

No Brasil, o cenário também é alarmante: 68% da população adulta tem sobrepeso ou obesidade, segundo o Atlas Mundial da Obesidade 2025. Apenas em 2021, mais de 60 mil mortes prematuras no país foram relacionadas a doenças crônicas ligadas ao excesso de peso.

Para Bruno Halpern, vice-presidente da Abeso e presidente eleito da Federação Mundial de Obesidade, a falta de reconhecimento da condição pela ONU enfraquece as políticas públicas: “Se não reconhecemos o problema, não teremos solução.”

A Abeso defende a inclusão da obesidade como doença crônica e o acesso a terapias modernas, como os agonistas de GLP-1. A entidade também reforça a necessidade de integrar prevenção e tratamento à atenção primária, além de envolver pacientes na formulação das políticas de saúde.