Renata Okumura e Lívia Machado | 25 de setembro de 2025 - 09h58

PCC usa rede de postos e hotéis para lavar dinheiro, aponta MP

Facção movimenta milhões por meio de combustíveis adulterados, jogos ilegais e contabilidade paralela

CRIME ORGANIZADO
Ministério Público de SP e Polícia Militar realizam nesta Operação Spare na manhã desta quinta-feira, 25 - (Foto: Policia Militar SP)

Postos de combustíveis e uma rede de hotéis e motéis no Estado de São Paulo estão no centro de um esquema de lavagem de dinheiro ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), conforme investigação do Ministério Público e da Receita Federal. Segundo os órgãos, a facção opera com contadores próprios e usa empresas de fachada para movimentar valores milionários.

Um dos alvos identificados detém procuração de mais de 200 empresas do ramo de combustíveis junto à Receita. A apuração revelou ainda que parte do dinheiro circulava por meio de uma fintech, a mesma usada na Operação Carbono Oculto, deflagrada em agosto, que já apontava a infiltração do crime organizado no setor de combustíveis.

Nesta quinta-feira (25), o Ministério Público cumpriu 25 mandados de busca e apreensão em 35 endereços ligados ao grupo. A operação investiga crimes como exploração de jogos de azar, venda de combustível adulterado, sonegação, crimes ambientais e lavagem de dinheiro.

O caso começou com a apreensão de maquininhas de cartão usadas em casas de jogos ilegais, que estavam ligadas a postos de gasolina. A partir da análise financeira, descobriu-se que os valores eram enviados a uma fintech para ocultar a origem e destino dos recursos.

A investigação também revelou vínculos do PCC com empresas de hotelaria, redes de postos e instituições de pagamento que mantinham contabilidades paralelas para dificultar o rastreamento do dinheiro.

Em agosto, a Operação Carbono Oculto já havia exposto movimentações suspeitas de R$ 17,7 bilhões em uma instituição de pagamentos investigada. Segundo o MP, parte desse dinheiro teria ligação direta com o líder do PCC, Marcola, embora sua defesa negue envolvimento.

As autoridades identificaram ainda que o PCC atuava em diversas frentes da cadeia de combustíveis, da produção à comercialização, ampliando seu poder econômico dentro do setor.