Carlos Guilherme | 24 de setembro de 2025 - 12h00

Puccinelli confirma pré-candidatura a deputado estadual em 2026 e resgata legado de gestão no MS

Durante entrevista em Nioaque, ex-governador faz balanço de sua trajetória, critica gestão petista, defende união política e reforça compromissos com saúde, segurança e educação

POLÍTICA
André Puccinelli durante entrevista ao Grupo Feitosa de Comunicação, na Rádio Serrana FM, em Nioaque. Foi neste encontro que o ex-governador confirmou sua pré-candidatura a deputado estadual e fez um balanço de sua trajetória política - (Foto: Arquivo)

O ex-governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (MDB), confirmou oficialmente nesta terça-feira (24) que disputará uma vaga como deputado estadual nas eleições de 2026. O anúncio foi feito durante entrevista à Serrana FM do Grupo Feitosa de Comunicação, no município de Nioaque, a 140 km de Campo Grande, onde também revisitou os principais marcos de suas gestões, comentou a atual conjuntura política e reforçou sua disposição de voltar ao parlamento estadual com mandato e voz ativa.

“Os companheiros todos pedem que eu seja pré-candidato, e eu aceitei. Aceitei com vontade, com orgulho, e também com a responsabilidade de honrar esse clamor. Quero atuar com mandato, não apenas como conselheiro nos bastidores, mas como alguém que, atuando diretamente, possa fazer bem ao povo de Mato Grosso do Sul, seja qual município for”, afirmou Puccinelli, ao falar sobre seu retorno à política ativa após anos de afastamento.

André Puccinelli durante visita à Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul. "Aceitei com orgulho o clamor dos companheiros. Quero voltar com mandato para trabalhar pelo povo sul-mato-grossense", declarou - (Foto: Arquivo)

Ao relembrar sua chegada ao governo em janeiro de 2007, Puccinelli não poupou críticas à administração anterior, comandada por Zeca do PT. “Nós pegamos o estado quebrado. O governo anterior do PT nos deixou um governo quebrado. As contas estavam bloqueadas. Eu só consegui liberar as contas para poder pagar os funcionários depois de quitar uma dívida que havia sido deixada para a União”, explicou.

Ele enfatizou que o primeiro desafio de sua gestão foi reequilibrar as finanças estaduais. “Graças à equipe que formamos, e trabalhando muito, nós iniciamos uma etapa que não é visível ao povo, mas fundamental: a recuperação econômico-financeira do estado. Só com as finanças em ordem foi possível investir em áreas estratégicas”, disse.

Cerimônia de posse de Puccinelli na Assembleia Legislativa de MS em seu mandato anterior. O político, que já atuou como deputado estadual, federal, prefeito e governador, agora se articula para retornar ao parlamento estadual em 2026 - (Foto: Arquivo)

Moradia, infraestrutura e o salto na educação - Com a máquina pública reestruturada, Puccinelli passou a investir pesadamente em programas sociais, habitação, saúde e educação. “Tivemos a grata satisfação de construir 74 mil casas em todo o estado. Foi um esforço conjunto com os prefeitos, que ajudou muitos municípios a se desfavelarem”, afirmou.

Segundo ele, um dos marcos de sua gestão foi a transição do modelo assistencialista para um formato mais eficiente de inclusão social. “Nós passamos do sacolão, que era o programa social anterior, para o cartão magnético do Vale Renda. Isso deu dignidade ao cidadão. Ele passou a gastar no próprio município, movimentando a economia local e deixando de ser apenas um receptor de cestas básicas montadas em São Paulo”, explicou.

Na educação, Puccinelli destacou o avanço do ensino estadual, inclusive no desempenho dos alunos. “Investimos muito na educação. Ultrapassamos Curitiba e até Florianópolis nos quesitos de matemática e português. Isso não é pouca coisa”, frisou. Ele ainda lembrou da expansão do ensino em tempo integral e da valorização dos estudantes com premiações. “Os alunos recebiam uniforme completo, mochilas, kits escolares. Os melhores de cada sala ganhavam notebook, tablet e até bicicleta. Era um estímulo concreto para quem se dedicava.”

Puccinelli quando era governador entrega uniformes e kits escolares a alunos da rede estadual. Durante sua gestão, a distribuição de materiais e a valorização da educação foram marcas registradas: “Investimos para que cada aluno se sentisse acolhido e motivado a aprender”, afirmou - (Foto: Arquivo)

A saúde também recebeu atenção durante seus mandatos, com a implantação do modelo de municipalização, que, segundo ele, foi pioneiro. “Foi no nosso tempo que começou a municipalização da saúde. E isso continuou nos governos seguintes, porque deu certo. Os recursos passaram a chegar mais rápido onde eram necessários”, comentou.

Outro ponto de destaque foi a infraestrutura viária. “Fomos o governo que asfaltou 3.262 km. Desse total, 2.005 foram de asfalto novo, e 1.657 de recapeamento. Isso facilita o transporte, integra o estado e gera desenvolvimento”, apontou.

Polarização e radicalismo político: 'Não podemos ser inimigos' - Em tom mais reflexivo, o ex-governador criticou a polarização política no Brasil e pregou a moderação. “Você não deve radicalizar em política. Está errado radicalizar à extrema esquerda, está errado radicalizar à extrema direita. Podemos ser adversários, mas não inimigos. O ódio não pode fazer parte da política. Isso só atrasa o país”, alertou.

Puccinelli também comentou a migração do ex-governador Reinaldo Azambuja (ex-PSDB) para o PL, movimento que, segundo ele, altera o equilíbrio político no estado. “Depois de um ciclo de 30 anos no PSDB, Reinaldo decidiu migrar para um partido onde ele acha que estará mais bem agasalhado - e estará mesmo. Vimos isso no evento do último dia 21, quando ele levou dezenove prefeitos e contou com o apoio de parlamentares federais que, quando abrir a janela partidária, devem acompanhá-lo”, observou.

André Puccinelli ao lado do ex-governador Reinaldo Azambuja. Puccinelli defendeu o diálogo entre lideranças: “A política deve ser feita com respeito e construção. Não podemos ser inimigos, mesmo com visões diferentes” - (Foto: Arquivo)

Segundo Puccinelli, a saída de Azambuja pode enfraquecer significativamente o PSDB no estado. “O PSDB vai perder força. Há conversas de que parlamentares devem sair assim que for possível. Isso muda o jogo político”, completou.

Nesse cenário, o MDB se articula para montar uma chapa robusta nas eleições de 2026. “Queremos eleger ao menos um deputado federal e pelo menos cinco deputados estaduais. Estamos em diálogo com o atual governador para apoiá-lo na reeleição, e também com Reinaldo para sua possível candidatura ao Senado”, revelou.

Saúde, segurança e escuta popular como norte - Questionado sobre as prioridades para o próximo ciclo de desenvolvimento no estado, Puccinelli foi direto: “Político tem que se pautar na vontade popular. A primeira demanda do povo é saúde. E, como médico, eu tenho que auxiliar nisso. É preciso garantir que todas as prefeituras estejam cada vez mais bem equipadas.”

Ele também destacou a segurança pública como preocupação constante. “A segurança pública é prioridade em qualquer lugar do mundo. Quero enaltecer o trabalho dos que estiveram comigo: policiais civis, agentes penitenciários - hoje polícia penal - e policiais militares. Eles foram fundamentais no nosso governo.”

O ex-governador encerrou a entrevista agradecendo a população de Nioaque e ressaltando a importância de manter vínculos com as comunidades. “Sou cidadão nioaquense com muito orgulho. E tenho um respeito profundo pelo povo daqui, que sempre me recebeu com carinho. Quero retribuir isso com trabalho e compromisso”, afirmou. Escute a entrevista no player:

A Crítica de Campo Grande · Puccinelli confirma pré-candidatura a deputado estadual em 2026 e resgata legado de gestão no MS