Redação O Estado de S. Paulo | 24 de setembro de 2025 - 12h00

Sally Rooney não vai a prêmio literário em Londres por temer prisão no Reino Unido

Autora de Intermezzo alega apoio ao grupo Palestine Action como motivo de possível detenção em território britânico

LITERATURA
A escritora irlandesa Sally Rooney em evento de divulgação da série 'Normal People' em 2020 - Amy Sussman - (Foto: Getty Images/AFP)

A escritora irlandesa Sally Rooney, conhecida por sucessos como Normal People, não participou da cerimônia do Sky Arts Awards, realizada na última terça-feira (16) em Londres. O motivo: temor de ser presa ao entrar no Reino Unido, devido ao seu apoio ao grupo ativista Palestine Action, classificado como organização terrorista pelo governo britânico.

Rooney foi homenageada com o prêmio de literatura por seu novo livro, Intermezzo, mas enviou uma declaração lida por seu editor, Alex Bowler. No texto, ela justificou sua ausência:

“Gostaria de poder estar aqui com vocês esta noite para aceitar a homenagem pessoalmente, mas devido ao meu apoio ao protesto não-violento contra a guerra, fui aconselhada de que não posso mais entrar em segurança no Reino Unido sem potencialmente ser presa”, declarou.

Em agosto, Rooney publicou um artigo no Irish Times defendendo abertamente o Palestine Action, movimento que atua contra empresas britânicas envolvidas na produção de armas para Israel. Ela também revelou que pretende doar parte de seus direitos autorais para financiar a organização.

“Se isso me torna uma apoiadora do terror sob a lei do Reino Unido, que assim seja”, escreveu a autora. “Eu publicaria com prazer este artigo em um jornal britânico, mas agora isso seria ilegal.”

O grupo Palestine Action foi proscrito no Reino Unido em julho deste ano, após danificar aeronaves em uma base da força aérea. A nova classificação prevê penas de até 14 anos de prisão para quem manifestar apoio à organização.

Durante a leitura do comunicado no Sky Arts Awards, Rooney reafirmou seu posicionamento: “Minha crença na dignidade e beleza de toda a vida humana e minha solidariedade com o povo da Palestina continuam inabaláveis.”