Pedro Augusto Figueiredo | 23 de setembro de 2025 - 17h00

Tarcísio defende negociação direta entre Lula e Trump sobre tarifas americanas

Governador paulista cobra diálogo entre presidentes e diz que "caminho da negociação" é a saída para impasse comercial

POLÍTICA
Tarcísio defendeu que Lula e Trump conversem diretamente para tentar reverter tarifas americanas - (Foto: Pablo Jacob/Governo SP)

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta quarta-feira (23) que os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump (EUA) precisam “sentar e conversar mesmo” para buscar uma solução ao tarifaço imposto pelo governo norte-americano às exportações brasileiras.

A declaração ocorreu em Campinas (SP), durante cerimônia de entrega de máquinas agrícolas. Para Tarcísio, somente o diálogo poderá destravar o impasse.

“Não vou comentar porque eu não ouvi o discurso. Eu acho que os dois têm que sentar e conversar mesmo. É o caminho da negociação que vai resolver esse problema de tarifa, que é o que a gente tem defendido há muito tempo”, disse.

Encontro em negociação

Na terça-feira (22), Trump afirmou em discurso na Assembleia-Geral da ONU que teve uma breve conversa com Lula nos bastidores do evento e que ambos devem se reunir na próxima semana. O governo brasileiro, no entanto, informou que o contato deve ocorrer por telefone ou videoconferência.

Tarcísio vinha cobrando nos últimos meses uma postura mais ativa de Lula frente a Washington. Chegou a afirmar que a demora do governo brasileiro em contatar Trump era “cômoda demais” e que não haveria “vergonha ou humilhação” em negociar diretamente com o republicano.

Disputa política e tarifaço

Cotado como possível candidato à presidência em 2026, Tarcísio foi alvo de críticas ao atribuir as tarifas americanas à postura ideológica de Lula, dizendo que o petista teria colocado a “ideologia acima da economia”.

Posteriormente, o governador mudou o tom e passou a defender a negociação baseada em argumentos técnicos e econômicos. A reviravolta o colocou em choque com parte do bolsonarismo, que condicionava o fim do tarifaço à aprovação de uma anistia ampla que incluísse o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado pelo STF.

Aproximação com bolsonaristas

Para recuperar apoio nesse campo político, Tarcísio tem feito gestos recentes ao bolsonarismo. Declarou que, caso eleito presidente, seu primeiro ato seria indultar Bolsonaro e se engajou na discussão sobre a anistia no Congresso, que acabou reduzida a uma proposta de diminuição de penas.

O governador também marcou presença em manifestações da direita, como a do 7 de Setembro, em que criticou publicamente o STF e o ministro Alexandre de Moraes.