O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira (23) durante discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, que se encontrou brevemente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos corredores da sede da ONU e que ambos concordaram em realizar uma reunião oficial na próxima semana.

“Lula e eu nos abraçamos e concordamos em nos encontrar”, declarou Trump, em um gesto que sinaliza abertura para o diálogo, apesar de críticas duras ao governo brasileiro feitas em seguida, ainda em sua fala no plenário.

Críticas à censura e tarifas como retaliação

Trump acusou o Brasil de impor censura contra cidadãos norte-americanos e alegou que o governo brasileiro estaria perseguindo opositores políticos que vivem nos Estados Unidos. Ele não apresentou nomes nem detalhes, mas relacionou essas acusações a medidas tarifárias que seu governo promete adotar contra produtos brasileiros.

“O Brasil enfrenta grandes tarifas por tentar censurar cidadãos americanos”, disse Trump, destacando que essas ações são vistas como uma afronta à liberdade de expressão — um tema sensível entre conservadores nos EUA. Segundo ele, as tarifas são uma “forma de proteger a soberania dos Estados Unidos” e um “mecanismo de defesa legítimo”.

Diplomacia com pressões comerciais

Mesmo ao criticar, Trump afirmou que pretende manter negociações comerciais com o Brasil, desde que sejam baseadas na reciprocidade. “Queremos acordos justos e recíprocos com todos os países do mundo”, afirmou, sinalizando que tarifas continuarão sendo usadas como instrumento diplomático para pressionar governos que, segundo ele, ferem os interesses americanos.

A fala do ex-presidente americano ocorreu poucos minutos após Lula deixar o plenário da ONU, onde discursou na abertura da sessão, como é tradição para presidentes do Brasil.

Reunião marcada para a próxima semana

O encontro entre Lula e Trump, que ainda não teve data nem local divulgados oficialmente, promete atrair atenção internacional, especialmente diante do cenário de desgaste nas relações entre os dois países. A reunião ocorre num momento em que o Brasil tenta se reposicionar geopoliticamente e Trump se movimenta como pré-candidato à presidência dos EUA nas eleições de 2024.

Apesar das críticas, o breve contato entre os líderes nos bastidores da ONU sinaliza que há margem para diálogo — ainda que sob forte tensão política e comercial.