Lula propõe conselho da ONU para monitorar ações climáticas e acusa sanções unilaterais
Em discurso na AssembleiaGeral da ONU, presidente diz que multilateralismo está em risco e quer urgência nas NDCs e no Fundo para Florestas
INTERNACIONALNo discurso de abertura da 80ª Sessão da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender que o combate às mudanças climáticas seja colocado no centro das ações internacionais. Ele propôs criar um conselho ligado à Assembleia Geral das Nações Unidas, com legitimidade para monitorar compromissos globais climáticos.
Lula criticou sanções unilaterais e a perda de importância do multilateralismo. Para ele, “bombas e armas nucleares não vão nos proteger da crise climática” e o mundo enfrenta uma nova desordem marcada por concessões à política do poder, violações à soberania e intervenções isoladas. Ele afirmou que 2024 foi “o ano mais quente já registrado”. A COP30, que será realizada em Belém, deverá ser “a COP da verdade”, quando líderes terão de demonstrar o compromisso real com o planeta.
O presidente também reforçou que países devem apresentar Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) ambiciosas para reduzir emissões de gases-estufa — o Brasil definiu meta de 59% a 67% para 2035. Até o momento, segundo o Itamaraty, apenas 29 países entregaram suas NDCs. Lula alertou: “Sem ter as chamadas NDCs caminharemos de olhos vendados para o abismo”.
Além disso, ele destacou a importância do Fundo das Florestas Tropicais, que o Brasil quer lançar para recompensar países que preservam ecossistemas, e lembrou a redução de desmatamento da Amazônia em 50% nos últimos dois anos como parte do compromisso ambiental do Governo.