Redação E+ | 23 de setembro de 2025 - 07h25

Terror nacional ganha força com 'Apanhador de Almas', novo filme protagonizado só por mulheres

Estrelado por Klara Castanho, filme mistura bruxaria e horror cósmico em uma produção brasileira que rompe padrões no gênero

CINEMA NACIONAL
Klara Castanho é parte do elenco feminino do terror 'Apanhador de Almas' - Foto: Divulgação

O cinema de terror vive uma fase de prestígio e sucesso comercial em todo o mundo — e o Brasil começa a encontrar espaço nesse cenário com produções que fogem do tradicional. Uma dessas apostas é Apanhador de Almas, que estreou nos cinemas brasileiros na quinta-feira (18) ao lado de títulos internacionais como Animais Perigosos, A Longa Marcha e outros exemplares do gênero que seguem movimentando as bilheterias.

Dirigido por Fernando Alonso (não, não é o piloto de Fórmula 1) e Nelson Botter Jr., Apanhador de Almas é um raro exemplo de filme de terror brasileiro que reúne um elenco completamente feminino em papéis centrais. Klara Castanho, Jéssica Córes, Duda Reis, Priscila Sol e Larissa Ferrara interpretam jovens aspirantes a bruxas que se reúnem na casa da misteriosa Rea (Angela Dippe) para realizar um ritual. Inspirado em elementos da obra de H.P. Lovecraft, o enredo logo mergulha em um clima de horror cósmico, com criaturas de outra dimensão e um jogo de sobrevivência que desafia a amizade e a sororidade entre as protagonistas.

Apesar de ter direção masculina, o filme se destaca pela presença expressiva de mulheres tanto em frente quanto atrás das câmeras. O clima nos bastidores refletiu esse olhar feminino, segundo relataram as atrizes.

“Eu sou sempre a favor dos elencos serem majoritariamente femininos, acho maravilhoso. E nesse filme em específico, a gente teve a possibilidade de explorar diferentes vertentes e histórias”, contou Klara Castanho. “São personalidades muito diversas dentre as personagens e conseguimos caminhos muito opostos entre elas.”

Priscila Sol também destacou o impacto da equipe técnica feminina. “Tem aquele olhar feminino. Você entra no universo da bruxaria. Todas nós somos um pouco bruxas. Quando me chamaram para fazer o filme, na hora topei, porque também estudo um pouquinho de bruxaria.”

Terror à brasileira: resistência e renovação

O Brasil tem tradição no terror com ícones como Zé do Caixão, mas o gênero ainda é pouco explorado comercialmente no país. Produções como Apanhador de Almas representam um esforço para mudar esse cenário.

“Eu sou a favor de a gente experimentar tudo o que tiver disponível, principalmente quando a gente tem um caminho ainda afunilado”, afirmou Klara Castanho. Para ela, investir em suspense, terror e thriller amplia as possibilidades criativas do cinema nacional.

Já Larissa Ferrara celebrou a oportunidade de atuar em um filme do gênero: “Adoro thriller, meu sonho sempre foi que houvesse um mercado muito grande desse tipo de filme no Brasil. É um outro jeito de fazer cinema. As emoções são mais cruas, a gente tem que acessar o medo, as paranoias, emoções muito diferentes.”

Mistério no set

Gravado em uma casa afastada e de aparência sombria, o filme exigiu das atrizes concentração e entrega emocional. Algumas, como Larissa Ferrara, adotaram estratégias para não se deixarem levar pelo clima denso do set. “Eu fazia questão de acabar a cena e já fazer uma piada, começar a rir, para quebrar. Eu tenho uma sensibilidade, então preferi não mexer com isso.”

Mesmo sem relatos de atividades sobrenaturais, Klara Castanho contou que a equipe pedia licença antes de entrar no local das filmagens, “só por via das dúvidas”. Duda Reis lembra que o jardim do local servia como ponto de fuga da tensão: “Era muito gostoso, e a gente ficava lá quando podia.”

Mas nem tudo foi só descontração. Priscila Sol revelou que algo diferente aconteceu com ela durante as gravações, o que acabou mudando o curso da produção. “Só assistindo ao filme para saber o que se passou comigo, eu atriz. E tiveram de fazer o filme de outro jeito. Fica aqui um spoiler.” Curiosamente, sua personagem, Isabella, é interpretada também por Larissa Ferrara.

Duda Reis, Priscila Sol e Klara Castanho em 'O Apanhador de Almas' (Foto: Divulgação)

O gênero segue forte nas bilheteiras

Enquanto o Brasil começa a investir com mais força no terror, o gênero segue em alta no mercado internacional. Invocação do Mal 4: O Último Ritual já figura entre as dez maiores bilheteiras do ano no país. Nos Estados Unidos, Pecadores, de Ryan Coogler, mantém-se entre as cinco maiores rendas de 2025 e surge como favorito ao Oscar 2026.

A Hora do Mal, de Zach Cregger, também é cotado como uma aposta para a temporada de prêmios, mesmo com a conhecida resistência da Academia de Hollywood ao gênero de horror. Já Animais Perigosos, do australiano Sean Byrne, que brilhou em Cannes, e A Longa Marcha, de Francis Lawrence, baseado em Stephen King, completam a leva de estreias que mostram como o terror continua relevante, seja com sustos explícitos ou horrores psicológicos.

Assista ao trailer oficial: