O número de estudantes ingressando em cursos de Medicina no Brasil aumentou cerca de 120% na última década, passando de 26.983 em 2015 para 60.366 em 2024. O crescimento, porém, veio acompanhado de queda na nota média obtida no Enem pelos calouros, que caiu de 684 para 633 pontos no mesmo período. A pontuação do exame varia de 0 a 1000.

O aumento de alunos ocorreu principalmente nas instituições privadas, que passaram de 14.466 para 45.900 estudantes, enquanto nas universidades públicas o número chegou a 14.466. Em cursos com menor expansão, como Direito, a média de desempenho se manteve estável: 533 pontos em 2015 e 536 em 2024, com redução no número de ingressantes, de 258.143 para 225.048.

A concorrência em Medicina continua alta. Nas universidades públicas, a relação é de 51 candidatos por vaga, enquanto nas privadas é de 9 por vaga, segundo o Censo da Educação Superior divulgado pelo Inep nesta segunda-feira (22).

“O estudante de Medicina tem perfil diferente agora, e as instituições precisarão se adaptar. A explicação está no crescimento expressivo do número de ingressantes”, explicou Carlos Moreno, diretor de Estatísticas Educacionais do Inep.

Moratória e medidas do MEC

Em 2018, uma moratória proibiu a abertura de novos cursos de Medicina para frear a expansão e garantir qualidade. Mesmo assim, houve aumento de vagas por decisões judiciais. Desde 2023, com a moratória encerrada, o MEC segue critérios do programa Mais Médicos para novas vagas, priorizando regiões carentes de profissionais de saúde.

Além disso, foi criado o Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica (Enamed), que será aplicado pela primeira vez em outubro para estudantes do 6º ano e, a partir de 2026, para o 4º ano. Cursos com baixo desempenho poderão sofrer sanções, incluindo suspensão de vestibular.