Da Redação | 22 de setembro de 2025 - 19h55

Parque Alagados do Taquari terá R$ 120 mi para preservar 130 mil hectares

Projeto une governo de MS e ONG Onçafari para proteger 130 mil hectares em uma das áreas mais degradadas do bioma

ALIANÇA VERDE
Vegetação submersa aflora nas águas do Parque Estadual Alagados do Taquari, no Pantanal sul-mato-grossense área que será protegida por projeto de R$ 120 milhões voltado à conservação ambiental e à criação de corredores ecológicos. - (Foto: Divulgação)

Em uma ação conjunta inédita, o governo de Mato Grosso do Sul e a organização não governamental Onçafari anunciaram um investimento de R$ 120 milhões para consolidar o Parque Estadual Alagados do Taquari, no Pantanal sul-mato-grossense. O recurso será destinado à aquisição de aproximadamente 130 mil hectares de terra, transformando uma área de alto impacto ambiental em território protegido.

A iniciativa, baseada em um modelo que combina gestão pública, filantropia internacional e ciência da conservação, pretende conter o avanço da degradação ambiental na região conhecida como "arrombados do Taquari", onde inundações descontroladas causam danos severos ao ecossistema há décadas.

Metade do investimento virá do governo estadual. A outra parte será aplicada pela Onçafari, ONG brasileira fundada em 2011 e reconhecida por sua atuação no Pantanal. Parte dos recursos foi captada junto a fundações norte-americanas, segundo a ambientalista Teresa Bracher, uma das filantropas ligadas ao projeto. "Fomos atrás de dinheiro fora do Brasil e conseguimos parceiros. Se tudo der certo, será a maior área de preservação de todo o Pantanal", afirmou Bracher, durante evento da Positive Ventures, em São Paulo.

Desde 2020, a Onçafari atua no mapeamento de áreas estratégicas para formar corredores ecológicos entre propriedades privadas e unidades de conservação. O objetivo é garantir que espécies da fauna e flora transitem e se desenvolvam sem barreiras artificiais. Até o momento, cerca de 66 mil hectares já foram incorporados às reservas da entidade.

Em março deste ano, o governador Eduardo Riedel (PP) anunciou um aporte de US$ 12,5 milhões (cerca de R$ 62,5 milhões) doado por uma ONG internacional por meio do Fundo Clima Pantanal. Como contrapartida, o Estado arcará com os estudos técnicos e com 50% do custo de desapropriação das áreas privadas.

O projeto é considerado uma das maiores articulações ambientais do país com financiamento internacional direto, marcando um novo modelo de conservação baseado em resultados, ciência e impacto global. A ONG já planeja ampliar parcerias em Nova York para fortalecer seus esforços de preservação em escala.

A criação do Parque Estadual Alagados do Taquari é um marco para o bioma pantaneiro, reconhecido como Reserva da Biosfera Mundial pela Unesco, mas ameaçado por pressões históricas. A união de atores públicos e privados pretende virar a chave da conservação na maior planície alagável do planeta.