SUS realiza 60% dos exames de imagem no Brasil, mas desigualdade com setor privado ainda é alta
Atlas da Radiologia 2025 mostra que usuários de planos de saúde fazem até 13 vezes mais exames que pacientes do SUS; ressonância magnética e mamografia lideram desigualdade
SAÚDEO Sistema Único de Saúde (SUS) respondeu por 60% dos exames de imagem realizados no Brasil em 2023, segundo dados do Atlas da Radiologia no Brasil 2025, divulgado pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR). Ao todo, foram mais de 101 milhões de exames realizados na rede pública. No entanto, apesar do volume expressivo, o acesso segue desigual quando comparado ao setor privado.
De acordo com o levantamento, foram 634,4 exames por 1.000 usuários do SUS, enquanto os beneficiários de planos de saúde realizaram, em média, 1.323 exames por 1.000 pessoas.
O estudo avaliou cinco exames: raio-x (exceto odontológico), mamografia, ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética. Entre eles, a ressonância magnética apresentou a maior diferença de acesso: foi realizada 13,13 vezes mais entre beneficiários de planos de saúde do que na rede pública.
Já a mamografia, essencial para o diagnóstico precoce do câncer de mama, teve um Indicador de Desigualdade Público/Privado (IDPP) de 3,54 em 2023 — maior do que o índice registrado em 2014 (3,23), embora com leve queda desde 2020. A diferença se deve, em parte, à divergência nas recomendações: o Ministério da Saúde indica o exame a cada dois anos entre 50 e 69 anos, enquanto a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) permite o rastreio a partir dos 40 anos para usuárias de planos.
A menor desigualdade foi observada nos exames de raio-x, com um IDPP de 1,36.
“Houve avanços importantes no SUS, mas ainda há um longo caminho para garantir equidade no acesso a exames de alta complexidade”, afirma o relatório.
Apesar das disparidades, o Atlas destaca avanços significativos na rede pública. Entre 2014 e 2023, a densidade de exames de ressonância no SUS mais do que dobrou, subindo de 6,07 para 13,8 por 1.000 usuários, o que fez o IDPP cair em 30%.
O estudo também analisou a disponibilidade de aparelhos em todo o país. A Região Sudeste concentra a maior quantidade absoluta de equipamentos, mas é o Centro-Oeste que lidera na densidade (aparelhos por 100 mil habitantes) na maioria dos exames.
Por outro lado, Nordeste e Norte apresentam os piores índices de cobertura:
- Nordeste: apenas 1,1 equipamento de ressonância por 100 mil habitantes.
- Norte: menor oferta de ultrassons, mamógrafos e raio-x.
- Acre: apenas 7 mamógrafos na rede SUS; densidade de menos de 1 por 100 mil habitantes. Já na rede privada, são 35 por 100 mil.
O Atlas também calculou o IDPP para a oferta de aparelhos. O menor índice foi o de raio-x (2,34), enquanto a maior disparidade foi na oferta de ultrassons, com 3,74 vezes mais aparelhos nos serviços privados do que no SUS.