Rafael Rodrigues | 22 de setembro de 2025 - 11h30

A faca certa para cada corte: como a Imperial virou referência nacional em cutelaria

De Campo Grande para o Brasil, a marca sul-mato-grossense cresceu aliando tradição artesanal com inovação industrial e virou sinônimo de faca de qualidade

CORTE PRECISO
A faca de brisket da Imperial Cutelaria, com desenho exclusivo, foi a primeira do tipo no mercado brasileiro - (Foto: Arquivo)

Era uma vez uma bainha de madeira. Foi com ela que a Imperial Cutelaria começou a chamar atenção fora de Campo Grande. A peça acompanhava a Itita, a primeira faca produzida em série pela marca. Nascia ali um modelo que, anos depois, estaria nas mãos de assadores e chefs profissionais em todo o país.

Quem conta a história é Alexandre Barbosa, diretor da empresa e terceira geração de cuteleiros. Ele cresceu vendo a família produzir facas artesanais para colecionadores. Trabalhou anos em indústrias e decidiu aplicar esse conhecimento para unir acabamento manual com padronização de fábrica. Assim nasceu a Imperial.

Quase 20 anos depois, a empresa é a única da região Centro-Oeste com produção em escala no setor. Mais da metade do faturamento vem de brindes corporativos, feitos sob medida para marcas como John Deere e Citibank. Mas a grande virada veio com o mundo da gastronomia.

Durante o Festival Internacional da Carne, a Imperial apresentou facas profissionais para churrasco e cozinha

Uma faca para cada função - Os festivais de churrasco mudaram o jogo. A carne ficou mais técnica, os cortes mais variados, e a velha faca única perdeu espaço. A Imperial criou conjuntos específicos com modelos para desossar, fatiar, descascar e trabalhar em tábua. Dessa necessidade surgiu a linha Assador, hoje usada por profissionais em todo o Brasil.

Depois vieram parcerias com nomes de peso. Jun Sakamoto inspirou a linha oriental. Manuel Bassolé, especialista em banquetes, colaborou na linha com geometria francesa. Jimmy Ogro, rosto conhecido da TV, ajudou a desenhar modelos para churrascos texanos. Panhoca, referência em defumados, colaborou com a faca de brisket.

Aliás, foi a Imperial que lançou no Brasil a primeira faca de brisket com furos, patenteada pela empresa. A lâmina virou símbolo entre os mestres do churrasco.

Crescer sem sair de casa - O crescimento trouxe desafios. A estrutura de Mato Grosso do Sul ainda é limitada para a indústria metalúrgica. Falta mão de obra especializada, há carência de energia trifásica e poucas áreas com infraestrutura para maquinário pesado.

Combinação de beleza e performance: as lâminas da Imperial aliam design, corte preciso e durabilidade

Mesmo assim, a Imperial decidiu permanecer em Campo Grande. Está migrando para o núcleo industrial, onde poderá operar equipamentos maiores e manter a produção local. A decisão é estratégica e afetiva. Alexandre acredita que é possível crescer sem mudar de estado.

Uma nova linha para cozinhas profissionais - Durante o Festival Internacional da Carne, realizado entre os dias 19 e 21 de setembro, a empresa apresentou sua mais nova aposta. A linha Ágilis foi desenhada para o setor de food service. Restaurantes, hotéis e cozinhas industriais são o público-alvo. A linha tem visual refinado e acabamento manual. As peças são semindustriais. Isso significa que os processos iniciais são industriais, mas o ajuste final é feito à mão.

Cada detalhe da faca é pensado para uso intenso. O resultado é precisão, resistência e durabilidade. Os preços variam entre 50 e 3 mil reais, dependendo do modelo.

Além disso, a Imperial também fabrica para outras marcas. O serviço de private label cresceu com a fama da qualidade técnica e a confiabilidade no padrão de produção.

Imperial criou conjuntos específicos com modelos para desossar, fatiar, descascar e trabalhar em tábua

Loja física com experiência completa - Quem passa pela loja da Imperial em Campo Grande encontra mais do que facas. O espaço é dividido em ambientes temáticos como churrasco, gourmet e aventura. O cliente pode ver sua faca sendo gravada a laser na hora. Há café, conversa e demonstrações. A experiência é parte da estratégia de conexão com o público.

Gustavo Verardi, coordenador de marketing, reforça que a divulgação nas redes sociais é desafiadora. Plataformas limitam o conteúdo com lâminas, mas os clientes e parceiros ajudam no boca a boca. A imagem da faca em uso, nas mãos de um profissional, vale mais do que mil palavras.

A Imperial hoje está no Instagram, TikTok, LinkedIn e Facebook. Também tem vídeos tutoriais e bastidores da produção.

No final das contas, a faca fala por si. Quem usa, sente a diferença.

Imperial Cutelaria