AP | 21 de setembro de 2025 - 11h30

Reino Unido deve reconhecer Estado palestino neste domingo apesar da oposição dos EUA

Anúncio de Keir Starmer ocorre às vésperas da Assembleia da ONU e pode pressionar Israel por medidas rumo à paz em Gaza

CONFLITO NO ORIENTE MÉDIO
Reino Unido deve reconhecer Estado palestino neste domingo, contrariando EUA e Israel, às vésperas da Assembleia da ONU. - HENRY NICHOLLS/AFP

O governo do Reino Unido deve anunciar ainda neste domingo (21) o reconhecimento oficial de um Estado palestino, medida considerada histórica e que ocorre apesar da oposição dos Estados Unidos e de Israel. A decisão, que será formalizada pelo primeiro-ministro Keir Starmer, busca aumentar a pressão diplomática por um cessar-fogo em Gaza e manter viva a perspectiva de uma solução de dois Estados.

O vice-primeiro-ministro David Lammy, ex-secretário do Exterior, adiantou à Sky News que o reconhecimento não cria o Estado palestino de imediato, mas fortalece o caminho político.
“Qualquer decisão de reconhecer um Estado palestino não faz com que ele exista da noite para o dia. Mas ajuda a manter viva a perspectiva de uma solução de dois Estados. É um erro identificar o povo palestino com o Hamas”, afirmou.

Pressão política e diplomática

Em julho, Starmer já havia condicionado o reconhecimento ao cumprimento, por parte de Israel, de medidas como cessar-fogo em Gaza, permissão para entrada de ajuda humanitária da ONU e compromissos de paz de longo prazo. Como essas condições não foram atendidas, o governo britânico decidiu antecipar a medida.

A decisão do Reino Unido acontece dias após a visita de Estado do presidente norte-americano Donald Trump, que expressou discordância com o plano.
“Tenho um desacordo com o primeiro-ministro sobre isso. É um dos poucos desacordos que temos”, disse Trump.

Críticos, incluindo Israel e Washington, alegam que o reconhecimento recompensa o Hamas, classificado como grupo terrorista. Starmer, porém, reiterou que o Hamas não terá papel algum no futuro governo palestino e exigiu a libertação imediata dos reféns israelenses capturados nos ataques de 7 de outubro de 2023.

Efeito internacional

Mais de 140 países já reconheceram a Palestina, mas a decisão britânica ganha peso por se tratar de um membro do G7 e do Conselho de Segurança da ONU. A expectativa é que outras nações, como França, Canadá e Austrália, façam anúncios semelhantes durante a Assembleia Geral da ONU desta semana, em Nova York.

Contexto histórico

O Reino Unido tem papel central na história do Oriente Médio. Após a derrota do Império Otomano na Primeira Guerra Mundial, passou a governar a região da Palestina sob mandato da Liga das Nações. Foi também responsável pela Declaração Balfour de 1917, que apoiava a criação de um “lar nacional para o povo judeu”, marco que moldou a disputa territorial que persiste até hoje.