Redação O Estado de S. Paulo | 20 de setembro de 2025 - 12h10

Bombardeios de Israel matam ao menos 14 em Gaza; Portugal anunciará reconhecimento da Palestina

Ofensiva israelense já deixou mais de 65 mil mortos em 23 meses; países ocidentais devem formalizar apoio à soberania palestina na Assembleia da ONU

INTERNACIONAL
Fome assola Faixa de Gaza; situação faz comunidade internacional elevar pressão sobre Israel pelo fim do conflito na região - (Foto: Hassan Jedi/Anadolu/picture alliance)

Na madrugada deste sábado (20), ataques israelenses mataram pelo menos 14 pessoas na cidade de Gaza, segundo autoridades locais, enquanto Israel intensifica sua ofensiva e ordena evacuação em massa de palestinos. A escalada ocorre em meio à crescente insatisfação de países ocidentais com a condução da guerra e à expectativa de que novas nações anunciem o reconhecimento do Estado palestino na próxima semana, durante a Assembleia Geral da ONU.

Na sexta-feira (19), o Ministério das Relações Exteriores de Portugal confirmou que formalizará o reconhecimento da Palestina no domingo (21). Reino Unido, França, Canadá, Austrália, Malta, Bélgica e Luxemburgo também devem seguir o mesmo caminho.

De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, os bombardeios dos últimos 23 meses deixaram mais de 65 mil mortos, devastaram áreas inteiras da Faixa e deslocaram 90% da população, provocando uma crise humanitária que já leva especialistas a falar em fome generalizada.

Entre as vítimas da madrugada estão seis membros da mesma família, atingidos dentro de casa, informou o Hospital Shifa. Outro ataque matou cinco pessoas próximas à Praça Shawa. O Exército israelense disse que está "operando para desmantelar as capacidades militares do Hamas" e que "toma precauções para mitigar danos civis".

Israel abriu corredores para retirada da população para o sul da Faixa, mas agências humanitárias alertam que a nova onda de deslocamentos só agrava a crise. Muitos palestinos estão sem condições físicas ou financeiras para deixar Gaza.

Na sexta-feira, a Unicef denunciou o roubo de alimentos terapêuticos de quatro caminhões da organização, destinados a crianças em risco de desnutrição. Motoristas foram mantidos sob a mira de armas. O Exército israelense atribuiu a ação ao Hamas, sem apresentar provas.

A ONU reforçou que há mecanismos para evitar desvios significativos da ajuda humanitária.

O conflito começou em 7 de outubro de 2023, quando militantes do Hamas invadiram o sul de Israel, matando cerca de 1,2 mil pessoas, a maioria civis, e sequestrando 251 reféns. Quarenta e oito seguem em cativeiro, mas estima-se que menos da metade esteja viva.