Tilápia domina tanques e movimenta milhões na piscicultura de MS
Com quase 98% da produção do estado, peixe garante à cadeia produtiva R$ 212 milhões em 2024
AQUICULTURAEm Mato Grosso do Sul, a piscicultura nada em águas conhecidas. A tilápia reina absoluta e responde por 97,6% de toda a produção aquícola do estado, segundo a Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) 2024, divulgada pelo IBGE. No total, foram 22,1 milhões de quilos de pescado. Desse volume, 21,5 milhões vieram de um único tipo de peixe.
A preferência pela tilápia, consolidada ao longo dos anos, não é apenas cultural. Ela responde a fatores econômicos, como o crescimento da demanda interna, o apoio de políticas públicas e a estrutura de produção, que favorece a criação em larga escala. O setor movimentou R$ 212 milhões no ano passado só em Mato Grosso do Sul.
Apesar de a produção estadual ainda estar distante dos líderes nacionais — Paraná, Ceará e São Paulo — MS ocupa a 11ª posição no ranking brasileiro. Um dos destaques regionais é o município de Selvíria, que apareceu entre os 20 maiores produtores do país. Lá foram criados 9,7 milhões de quilos de peixe, o que colocou a cidade na 17ª colocação nacional.
A tilápia, por aqui, tem pouco espaço para concorrência. As espécies nativas, como pacu, patinga e tambacu, ainda aparecem na pesquisa, mas em volumes bem menores. Somadas, todas as outras espécies produzidas no estado não chegam a 600 mil quilos.
O levantamento, feito anualmente, é referência para o setor agropecuário, tanto para o poder público quanto para investidores privados. Ele mostra com clareza onde estão os focos produtivos e aponta para caminhos possíveis de expansão e diversificação.
A estrutura de MS é reconhecida como uma das mais promissoras do país, com disponibilidade de água, clima favorável e tradição rural. Mas o dado que mais chama atenção é justamente a concentração extrema na tilápia. Enquanto em outros estados a diversificação cresce, por aqui ela ainda engatinha.
O cenário pode mudar, mas depende de incentivos para novas espécies, capacitação técnica e abertura de mercado. Por enquanto, a tilápia continua nadando de braçada.