Raisa Toledo | 19 de setembro de 2025 - 18h45

Mara Gabrilli critica indicação de Eduardo Bolsonaro à liderança da Minoria e fala em 'oportunismo'

Senadora diz que PL usa brecha em ato da Câmara para evitar perda de mandato do deputado, que está nos EUA desde fevereiro

POLÍTICA
Mara Gabrilli classificou como "oportunismo" a indicação de Eduardo Bolsonaro para liderança da Minoria. - Foto: Roque de Sá/Agência Senado

A senadora Mara Gabrilli (PSD-SP) criticou a decisão do PL de indicar o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para o cargo de líder da Minoria na Câmara dos Deputados. Em entrevistas aos portais UOL e O Globo, a parlamentar classificou a manobra como “oportunismo” e disse que a medida deturpa a finalidade de um dispositivo aprovado em 2015 que isenta líderes partidários de registrar presença em plenário.

Eduardo Bolsonaro está nos Estados Unidos desde fevereiro, onde articula com aliados do ex-presidente Donald Trump medidas contra o Brasil. Com o fim da licença de 120 dias, ele passou a acumular faltas e corre risco de perder o mandato.

“Uso deturpado da regra”

Mara Gabrilli foi a autora do ato que estabeleceu, em 2015, a dispensa de presença para líderes e integrantes da Mesa Diretora, ainda na gestão do ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ). A senadora explicou que a ideia era permitir maior dedicação às articulações políticas, e não abrir espaço para que líderes atuassem fora do país.

“Era inconcebível, na época, um líder trabalhar fora do Brasil. Além de estar sendo oportunista, está querendo se aproveitar para não perder o mandato por falta”, afirmou.

Segundo a senadora, antes de sua proposta, a dispensa se estendia a outros cargos da Casa, como corregedor, procurador e presidentes de comissões. “Do jeito que falam, parece que eu abri a porteira. Foi completamente o contrário. Eu fechei a porteira. Antes, era festa do caqui. Todo mundo podia faltar”, disse.

Pedido de revisão da regra

Gabrilli defendeu que a atual Mesa Diretora da Câmara revise o dispositivo, criando regras claras para a atuação dos líderes. “O líder tem que estar perto dos outros líderes, orientar, participar da reunião de líderes. Aí ele se torna um líder figurativo e vai colocar o vice-líder para fazer tudo? Não existe liderança dessa forma”, criticou.

Eduardo Bolsonaro em risco

Nos EUA, Eduardo Bolsonaro tem feito movimentos políticos em defesa do pai, Jair Bolsonaro (PL), condenado a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado. Ele também é investigado pela Polícia Federal por coação no curso do processo, ao lado do ex-presidente.

O deputado tem pressionado por uma anistia e chegou a pedir a suspensão da ação penal que tramitava no Supremo Tribunal Federal (STF).