Felipe Frazão | 18 de setembro de 2025 - 20h50

Senadores dos EUA apresentam projeto para barrar tarifas de Trump contra o Brasil

Proposta bipartidária questiona legalidade da medida e alerta para impactos econômicos nos dois países

TARIFAS
Senadores querem votar proposta que derruba sobretaxa aplicada desde agosto. - (Foto: Leon Neal/AP)

Um grupo de senadores americanos apresentou nesta quinta-feira (18) um projeto de lei para suspender o tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump sobre produtos brasileiros. A iniciativa busca derrubar a declaração de emergência nacional assinada em 30 de julho, usada pelo republicano para justificar a cobrança de tarifas adicionais de 40%, somadas aos 10% já em vigor.

O texto será analisado pelo Senado dos Estados Unidos e, se aprovado, pode encerrar a medida que elevou os custos de importações vindas do Brasil. Os senadores argumentam que a decisão de Trump foi um uso indevido da Lei de Poderes de Emergência Econômica Internacional (IEEPA) e deve ser revista pelo Congresso.

A proposta é de autoria dos democratas Tim Kaine, Chuck Schumer (líder da minoria), Jeanne Shaheen e Ron Wyden, além do republicano Rand Paul. Também apoiam o texto os senadores Peter Welch (democrata) e Angus King (independente).

“Uma guerra comercial com o Brasil aumentaria os custos para os americanos, prejudicaria as economias americana e brasileira e aproximaria o Brasil da China”, afirmaram os senadores em nota conjunta. Eles ressaltam que os EUA importam mais de US$ 40 bilhões por ano do Brasil, incluindo US$ 2 bilhões em café — produto que não é amplamente cultivado no território americano.

Segundo os parlamentares, o comércio bilateral está ligado a cerca de 130 mil empregos nos EUA e contribui para o superávit americano.

Os senadores também criticaram a motivação por trás das tarifas. Para Kaine, “as tarifas do presidente Trump sobre produtos brasileiros, que ele impôs para tentar impedir que o Brasil processe um de seus amigos, são ultrajantes”. Ele defendeu que a política econômica americana seja guiada “pelo interesse da população, e não por vinganças pessoais”.

Rand Paul, por sua vez, destacou que discorda da condução do governo brasileiro em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro, mas afirmou que isso não dá ao presidente dos EUA poder ilimitado. “O presidente não tem autoridade, sob a IEEPA, para impor tarifas unilateralmente. A política comercial pertence ao Congresso, não à Casa Branca.”

Já Schumer classificou a medida como “um flagrante abuso de poder”. “Os americanos não merecem que Trump faça política com seu sustento e seus bolsos. Já passou da hora de os republicanos se juntarem aos democratas para barrar esse imposto tarifário”, disse o líder democrata.

A senadora Jeanne Shaheen reforçou que as tarifas são, na prática, um imposto sobre os consumidores: “É o americano comum quem paga a conta dessa decisão”.

Integrantes do governo brasileiro já acompanhavam a movimentação no Congresso americano e avaliam que a derrubada das tarifas pode reduzir tensões comerciais entre os países. A principal preocupação em Brasília é evitar prejuízos nas exportações de café, soja e aço, produtos diretamente afetados pelas sobretaxas.