Da Redação | 18 de setembro de 2025 - 20h00

França, Canadá, Japão e Filipinas surgem como alternativas à sobretaxa dos EUA

Estudo da ApexBrasil aponta caminhos para Mato Grosso do Sul reduzir sua dependência das exportações aos Estados Unidos após tarifa de 50%

EXPORTAÇÕES
Trabalhadores embalam cortes de carne bovina em frigorífico de Mato Grosso do Sul. Estado busca novos mercados após tarifa dos EUA e reforça exportações para a China.

Em agosto, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aplicou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Desde então, Mato Grosso do Sul entrou em alerta. O estado é o mais dependente do mercado norte-americano entre os quatro do Centro-Oeste e agora busca alternativas para não sofrer as consequências de um mercado menos acessível.

Um estudo recente da ApexBrasil, órgão ligado ao governo federal, analisou como cada estado brasileiro depende dos Estados Unidos. E, no caso de Mato Grosso do Sul, a preocupação tem base sólida: cerca de 30% de alguns dos principais produtos exportados vão direto para os EUA. Itens como sebo bovino, carnes, gorduras, ferro fundido, ovos desidratados e peles de bovinos estão na lista.

Mas o estudo também trouxe boas notícias. Mostrou que países da Ásia e da Europa podem ajudar a reduzir essa dependência. A China, por exemplo, já compra quase metade de tudo que o estado exporta — em 2024, foram US$ 4,5 bilhões em produtos sul-mato-grossenses. Os Estados Unidos, por outro lado, ficaram com 6,7% do total, somando US$ 669,6 milhões.

O levantamento da Apex, intitulado Diversificação de Mercados por Estados Brasileiros, classificou os países em quatro grupos: abertura, consolidação, manutenção e recuperação. A ideia é identificar onde há espaço para crescer e onde é preciso agir rápido para não perder mercado.

Entre os países com potencial de abertura estão França, Canadá, Eslovênia e Filipinas. Nestes locais, a presença de MS ainda é pequena, mas as importações estão crescendo. Já mercados como China, México, Espanha e Polônia foram classificados como de manutenção. Eles já compram bem e oferecem oportunidades rápidas, inclusive para pequenas e médias empresas.

O estudo também identificou locais onde o estado já tinha espaço, mas começou a perder terreno. É o caso de Alemanha, Japão, Malásia e Tailândia. Esses mercados estão no grupo de "recuperação" e exigem mais esforço e estrutura das empresas que quiserem manter posição.

Hoje, MS tem 215 empresas exportadoras ativas. E, segundo o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, o esforço agora é entender onde estão os maiores riscos e agir antes que os danos apareçam. “Estamos mapeando, estado por estado, os mercados mais dependentes das exportações para os Estados Unidos, para compreender com precisão quais cadeias produtivas e setores estão mais expostos”, afirmou.

No Centro-Oeste, a diferença é clara. Enquanto Mato Grosso do Sul tem 7% de sua exportação total voltada aos EUA, Goiás e Distrito Federal aparecem com 3%, e Mato Grosso com apenas 2%.

A resposta não virá apenas das empresas. O estudo recomenda apoio institucional, investimentos em abertura de mercado e qualificação. Também reforça a competitividade de Mato Grosso do Sul em produtos como carnes curadas, sebo e ovos, mas avisa que ampliar essa presença internacional vai exigir estratégia, paciência e algum dinheiro.

Enquanto os reflexos da tarifa de Trump ainda são calculados, o que parece certo é que o estado não quer ficar à mercê de um só mercado. A China lidera, mas França, Japão, Polônia e até Filipinas entram no radar. O agro de MS agora olha para todos os lados.