Redação | 18 de setembro de 2025 - 17h35

Trump defende retirada de licenças de TV que o criticam e comemora suspensão de Jimmy Kimmel

Presidente dos EUA diz que redes com apresentadores noturnos "97% negativos" contra ele deveriam perder autorização da FCC; decisão da ABC reacende debate sobre liberdade de expressão

INTERNACIONAL
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump - (Foto: Alex Brandon/AP)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quinta-feira (18) que a Comissão Federal de Comunicações (FCC) deveria considerar revogar as licenças de transmissão de redes de TV cujos apresentadores de programas noturnos adotam, segundo ele, um tom “excessivamente negativo” em relação ao governo.

“Eu li em algum lugar que as redes estavam 97% contra mim novamente, 97% negativas, e ainda assim eu ganhei com facilidade. Acho que talvez suas licenças devessem ser retiradas. Isso ficará a cargo de Brendan Carr, presidente da FCC”, disse Trump a repórteres a bordo do Air Force One.

Trump defendeu também a presença de um apresentador conservador em programas noturnos, acusando as emissoras de agir como “um braço do partido Democrata”. “Quando você tem um canal e tudo o que fazem é atacar o Trump, e não há um conservador há anos, isso precisa ser discutido”, declarou.

As declarações vieram após a rede ABC suspender por tempo indeterminado o programa de talk show de Jimmy Kimmel, na quarta-feira (17). O apresentador foi alvo de críticas de republicanos por ter associado, em seu programa, o suspeito de assassinar o influenciador trumpista Charlie Kirk ao movimento MAGA.

Trump comemorou a decisão da emissora em sua rede social Truth Social: “Parabéns à ABC por finalmente ter a coragem de fazer o que precisava ser feito”. Ele também atacou os apresentadores Jimmy Fallon e Seth Meyers, chamando-os de “dois perdedores completos” e defendendo que também fossem cancelados.

Meses antes, a CBS havia cancelado o programa de Stephen Colbert, alegando questões financeiras — motivo questionado por críticos que veem relação com a postura do apresentador em relação a Trump.

A suspensão de Kimmel reacendeu o debate sobre a liberdade de expressão nos EUA, protegida pela Primeira Emenda da Constituição americana. O deputado democrata Robert Garcia, da Califórnia, anunciou que abrirá investigação sobre a pressão política do governo Trump sobre a ABC.

Como os republicanos controlam a Câmara, Garcia terá poderes limitados e não poderá emitir intimações. Ainda assim, o presidente republicano do Comitê de Fiscalização da Câmara e o principal democrata do colegiado afirmaram que “trabalhariam juntos” para levar Brendan Carr a depor no Congresso.

Em agosto, Trump já havia ameaçado retirar as licenças da ABC e da NBC, acusando as redes de atuarem como “braço político do partido Democrata”, sem apresentar provas.