Juliano Galisi | 18 de setembro de 2025 - 13h10

O que é anistia e como ela marcou a história política do Brasil

Desde 1822, País já editou 48 leis de perdão ligadas a revoltas e crises institucionais; novo projeto discute penas do 8 de Janeiro

POLÍTICA
Passeata de protesto contra a Lei de Segurança Nacional e pela anistia ampla, geral e irrestrita. Autoria desconhecida. - Foto: Fundação Perseu Abramo

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (18) o regime de urgência para o projeto de lei que concede anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. O relator da proposta é o deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP).

O conteúdo final do texto ainda não foi definido. Parlamentares aliados de Jair Bolsonaro (PL) pressionam para que a medida atinja também o ex-presidente e seus apoiadores investigados pelo STF. Nos bastidores, no entanto, negocia-se um formato que reduza as penas dos executores do vandalismo em Brasília, sem alcançar a cúpula política.

A palavra vem do grego e significa “esquecimento”. No Código Penal, anistia extingue a punibilidade de um crime: o delito é formalmente perdoado e deixa de produzir efeitos.

Se aprovada, esta será a 49ª anistia concedida no Brasil desde 1822, segundo levantamento da Câmara.

Recurso recorrente na política brasileira

A anistia tem sido usada ao longo da história para lidar com conflitos políticos, militares e sociais:

De 1945 a 1988, mais de 39 mil pedidos de anistia foram reconhecidos pela Comissão de Anistia do Ministério dos Direitos Humanos.

A Lei de Anistia de 1979 chegou a ser questionada no STF, sob a alegação de “auto anistia” e de perdão a crimes contra a humanidade. Por 7 votos a 2, a Corte manteve a validade da norma, decisão que ainda gera debates e ações pendentes.

O projeto atual tramita em “urgência urgentíssima”, mecanismo que acelera a votação. Nesse modelo, a proposta “fura a fila” da pauta do plenário e não pode ser retirada ou adiada, limitando a margem de manobra da oposição.