José Mourinho está de volta ao clube onde deu os primeiros passos como técnico principal. Aos 62 anos, o português foi apresentado nesta semana como novo comandante do Benfica, 25 anos após sua primeira passagem pela equipe de Lisboa. O contrato vai até junho de 2027 e marca o retorno do treinador a Portugal após um ciclo de grandes conquistas pela Europa e uma passagem discreta pelo Fenerbahçe, da Turquia.

Em seu reencontro com o clube que o lançou, Mourinho demonstrou entusiasmo e deixou claro que encara o cargo com seriedade e ambição. “Nenhum dos outros gigantes clubes que tive a oportunidade de treinar me fez sentir mais honrado, mais responsabilizado e mais motivado do que ser treinador do Benfica”, afirmou o treinador durante a apresentação oficial, realizada no centro de treinamentos do Seixal.

Experiência e novos tempos

Mourinho retorna ao futebol português com um currículo repleto de conquistas: venceu a Champions League com Porto e Inter de Milão, além de títulos nacionais por Chelsea, Real Madrid e Manchester United. Mais recentemente, foi campeão da Liga Conferência com a Roma, e finalista da Liga Europa, antes de assumir o Fenerbahçe.

Apesar de seu vasto histórico, o técnico rechaça a ideia de que vive um momento de queda. “Na cabeça de algumas pessoas eu tenho dois currículos, um período de sucesso e outro de fase menos feliz. A parte negativa da minha carreira é que nos últimos cinco anos joguei duas finais europeias”, ironizou.

Ele também reconheceu uma mudança pessoal. “Sou menos egocêntrico e mais altruísta. Eu não sou importante, o Benfica é importante”, declarou, demonstrando uma postura mais centrada no coletivo, contrastando com o personagem “Special One” que marcou o início de sua trajetória como técnico de elite.

DNA do clube e relação com a torcida

Mourinho demonstrou profundo conhecimento da cultura do Benfica e reforçou a importância de representar os torcedores dentro de campo. “O DNA do Benfica é ganhar, mas também perder nos limites. O torcedor quer sentir que o time deu tudo, que lutou até o fim”, destacou.

Ao afirmar que não encara a nova missão como um encerramento de carreira, Mourinho reforça sua disposição para continuar competitivo em alto nível. “Estou em uma fase de maturidade, e seguirei enquanto minha paixão pelo futebol se mantiver”, afirmou.

Relação com o Porto: respeito e rivalidade

Durante a coletiva, Mourinho também abordou a relação com o Porto, clube pelo qual foi campeão da Europa em 2004. O reencontro, agora como técnico do maior rival, promete gerar reações intensas.

“É normal que a recepção seja diferente, porque vou voltar como adversário e não para desfrutar de uma visita, mas sim para tentar ganhar o jogo. O respeito que tenho por eles, e o respeito que eles têm por mim, não vai mudar”, disse.

Desafio à altura da história

Ao assumir o Benfica, Mourinho se junta ao esforço do clube para retomar o protagonismo europeu e manter o domínio no cenário português. O técnico traz consigo a expectativa de títulos, mas também de reconstrução de identidade e fortalecimento do elenco.

Em tom mais maduro, o português chega ao Benfica disposto a somar e mostrar que, mesmo após décadas de carreira, ainda há muito a entregar. E dessa vez, com um discurso menos sobre si e mais sobre o que pode oferecer ao clube e à torcida.