De Mendoza a Lisboa: os vinhos internacionais que chegam em caixa em Campo Grande
Supermercados apostam em rótulos internacionais no formato Bag-in-Box, com preços até 30% menores que garrafas tradicionais
VINHOSNa madrugada ou no meio da tarde, pouco importa: quem passa pelo Comper Itanhangá 24h (R. Joaquim Murtinho, 1679 – Itanhangá Park, Campo Grande – MS) encontra, entre gôndolas de arroz e feijão, caixas de vinho com sotaque estrangeiro. Mendoza, Lisboa, Portugal — destinos que chegam encaixotados em três litros de papelão.
O rótulo argentino Cordero con Piel de Lobo divide prateleira com os portugueses Lab e Mosaico de Portugal, todos em formato Bag-in-Box, que promete praticidade, preço competitivo e até um certo charme sustentável.
O modelo, que nasceu na Austrália nos anos 1960 e hoje já responde por fatia relevante do consumo europeu e americano, começa a conquistar o consumidor brasileiro. Em 2020, as vendas nacionais de Bag-in-Box cresceram 10%, alcançando 2,2 milhões de litros.
O movimento foi puxado tanto por vinhos finos brasileiros, que avançaram 30%, quanto pelos importados, com crescimento de 21% no mesmo período.
O preço importa - Na prateleira do supermercado, o apelo é direto ao bolso. O Cordero con Piel de Lobo Malbec 3L aparece por R$ 299,90, mas para clientes de fidelidade que compram com o cartão VUON Card, o valor cai para R$ 268,99.
O português Lab é vendido a R$ 229,90 (R$ 204,99 no VUON Card), enquanto o Mosaico de Portugal custa R$ 169,90 (R$ 152,49 no VUON Card). Na comparação por litro, o Bag-in-Box chega a ser até 30% mais barato do que a versão engarrafada.
Praticidade sem frescura - A promessa vai além do preço. Cada caixa equivale a quatro garrafas de 750 ml, ocupa menos espaço e permite consumo gradual. Graças ao sistema a vácuo, o vinho se mantém fresco por até 30 dias depois de aberto.
Não precisa de saca-rolhas, não quebra e cabe no porta-malas do carro. Para festas, restaurantes e até churrascos de fim de semana, a lógica é simples: menos frescura, mais praticidade.
Sustentabilidade como argumento - A embalagem também pesa menos na consciência ambiental. Segundo a California Sustainable Winegrowing Alliance, a pegada de carbono de uma caixa de 3 litros é 85% menor que a de uma garrafa de vidro de 750 ml . Além disso, o descarte é mais simples e ocupa menos espaço no lixo.
Um vinho menos “gourmet” - No Brasil, o Bag-in-Box também carrega a missão de “desgourmetizar” o vinho. Marcas como a brasileira Fabenne foram pioneiras nessa estratégia: vender o vinho “da casa, do dia a dia”, sem etiquetas intimidadoras. Para especialistas, esse formato aproxima o consumo do público jovem e da rotina cotidiana.