Barroso reage a sanções dos EUA e diz ser injusto punir ministros do Supremo
Presidente do STF afirma que julgamento de Bolsonaro foi baseado em provas e nega perseguição política ou censura no Brasil
STFO presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, rebateu nesta quarta-feira (17) as críticas e sanções impostas pelos Estados Unidos após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros réus por tentativa de golpe. Em pronunciamento na abertura da sessão plenária, Barroso afirmou ser “injusto punir ministros que, com coragem e independência, cumpriram o seu papel”.
“É simplesmente injusto punir o País, seus trabalhadores e suas empresas por uma decisão amplamente baseada em provas. Também é injusto punir ministros que, com coragem e independência, cumpriram o seu papel. No Brasil, a quase totalidade da sociedade reconhece que houve uma tentativa de golpe e que é importante julgar seus responsáveis”, declarou o magistrado.
Críticas às medidas dos EUA
Os EUA anunciaram uma sobretaxa de 50% sobre importações brasileiras, justificando que o julgamento de Bolsonaro representaria uma “caça às bruxas” contra a extrema direita. Barroso rejeitou a narrativa.
“Nenhuma decisão do Supremo Tribunal Federal brasileiro tem pretensão de alcance extraterritorial. Nós só cuidamos do nosso jardim. Mas, sobretudo, não existe caça às bruxas ou perseguições políticas. Tudo o que foi feito baseou-se em provas, evidências exibidas publicamente”, afirmou.
Entre as evidências citadas pelo ministro estão:
a minuta golpista encontrada pela Polícia Federal;
o plano para assassinar o presidente da República e o ministro Alexandre de Moraes;
e o discurso preparado por Bolsonaro para ser lido após uma tentativa de ruptura institucional.
Liberdade de expressão
Barroso também rebateu acusações de censura no Brasil. “Vigora a mais plena liberdade de expressão”, disse, destacando que recebe críticas “grosseiras e ofensivas” de diferentes veículos, mas que todos continuam no ar, acessíveis ao público.
“Lê quem quer, acredita quem quer”, acrescentou.
Laços pessoais e acadêmicos com os EUA
O presidente do STF iniciou sua fala relembrando conexões pessoais e acadêmicas com os Estados Unidos. Ele contou ter feito intercâmbio no estado de Michigan na adolescência, além de mestrado em Yale, pós-doutorado em Harvard e atuação como professor na Kennedy School desde 2018.
“Tenho ligações acadêmicas, amigos queridos e admiro pessoas e instituições americanas. Todos os meus sentimentos em relação ao país são bons”, frisou.