Setor imobiliário de MS cresce, mas enfrenta entraves tributários e jurídicos
Diretor da Plan Loteamentos defende segurança regulatória e diálogo sobre IPTU para preservar ambiente de negócios no Estado
NEGÓCIOSO setor imobiliário de Mato Grosso do Sul tem registrado avanços significativos impulsionados pelo crescimento econômico local e pela instalação de novas indústrias. Apesar desse cenário favorável, o segmento convive com preocupações relacionadas à insegurança jurídica e ao impacto de mudanças tributárias, tanto em nível federal quanto municipal.
As avaliações foram feitas por Rubens Filinto, diretor-presidente da Plan Loteamentos, durante entrevista concedida na manhã desta quarta-feira (17) ao programa Giro Estadual de Notícias, transmitido ao vivo pelo Grupo Feitosa de Comunicação, com cobertura multiplataforma pelas redes do jornal A Crítica.
"O Estado vive um momento muito positivo. Grandes grupos estão chegando, e isso impulsiona todos os setores, inclusive o imobiliário. Mas o ambiente de negócios ainda enfrenta dificuldades importantes", afirmou o executivo.
Filinto citou como exemplo recente a cassação de licenças de obras no entorno do Parque do Prosa, em Campo Grande. "As obras seguiam a legislação vigente, com alvarás e documentos em dia. Mudar regras com projetos já em andamento compromete a previsibilidade e desestimula novos investimentos", destacou.
Outro fator de atenção para o setor, segundo o empresário, é a reforma tributária, que deve começar a vigorar em 2026. "Ainda há incerteza sobre os efeitos práticos, mas as projeções não são animadoras. É preciso clareza sobre como os tributos serão distribuídos e aplicados", avaliou.
"Atendemos famílias que não conseguem financiamento em bancos. Com planos acessíveis, ajudamos a reduzir o déficit habitacional e realizamos o sonho da casa própria"
Imposto predial - Sobre o IPTU em Campo Grande, Rubens comentou os desdobramentos de audiência pública que identificou problemas estruturais na cobrança do tributo. Apesar das falhas apontadas, o diretor vê com otimismo a postura do Executivo. "Houve reconhecimento das falhas e abertura ao diálogo. É uma oportunidade para construir soluções conjuntas com o Legislativo, o Ministério Público e as entidades do setor", afirmou.
Mão de obra formalizada - O executivo também abordou a escassez de mão de obra regularizada na construção civil, embora haja vagas disponíveis. Segundo ele, muitas empresas enfrentam dificuldades para registrar trabalhadores por conta da perda de benefícios sociais por parte dos contratados. "Queremos cumprir a legislação, contratar via CLT ou com emissão de nota fiscal, mas isso se tornou um entrave. A informalidade ainda é uma barreira relevante", pontuou.
Vazio urbano e função ambiental - Filinto ainda refutou a tese de que os chamados vazios urbanos decorrem de especulação imobiliária. Para ele, a maioria dessas áreas está sob domínio do poder público, e parte significativa pertence a pequenos poupadores. "É comum que famílias adquiram terrenos como forma de reserva de valor. Classificar isso como especulação é um equívoco", afirmou.
O empresário acrescentou que os vazios urbanos cumprem função social e ambiental. "Esses espaços contribuem para o equilíbrio climático, absorção de água da chuva e manutenção da fauna urbana. A crítica excessiva, por vezes, tem viés arrecadatório e não considera esses fatores", avaliou.
Três décadas de atuação - A entrevista também marcou os 30 anos da Plan Loteamentos, que atua no segmento de habitação popular. A empresa se destaca por oferecer acesso facilitado ao crédito imobiliário, com exigência de entrada reduzida e sem necessidade de comprovação de renda.
"Atendemos famílias que não conseguem financiamento em bancos. Com planos acessíveis, ajudamos a reduzir o déficit habitacional e realizamos o sonho da casa própria", afirmou Filinto.
Segundo ele, a empresa possui práticas de governança, compliance e rigor contratual. "Trabalhamos com responsabilidade e compromisso social. Nosso foco é contribuir com o desenvolvimento urbano sustentável e oferecer soluções para quem mais precisa", concluiu. Confira a entrevista na íntegra: