Redação O Estado de S. Paulo | 17 de setembro de 2025 - 08h20

Morre Robert Redford, astro de Hollywood e fundador do festival de Sundance

Ator, diretor e ativista ambiental, Redford morreu aos 89 anos em casa, deixando legado no cinema independente e na política cultural

ADEUS A UM ÍCONE
Robert Redford morre aos 89 anos; deixa legado com filmes clássicos, direção premiada e apoio ao cinema independente. - Foto: Reprodução Internet

O cinema perdeu um de seus nomes mais emblemáticos. Robert Redford, ator, diretor e produtor que ajudou a redefinir Hollywood nas últimas décadas do século 20, morreu nesta terça-feira (16), aos 89 anos, em sua casa no Estado de Utah, nos Estados Unidos. Mais do que um galã de olhos azuis, Redford foi uma força criativa por trás de clássicos do cinema, um defensor do meio ambiente e o fundador do Sundance, um dos mais importantes festivais de cinema independente do mundo.

Ao criar o Instituto e o Festival de Sundance, em 1985, Redford abriu caminho para cineastas iniciantes como Quentin Tarantino, Steven Soderbergh e Darren Aronofsky, num movimento que confrontou o domínio dos grandes estúdios e promoveu a diversidade de vozes no cinema americano. “Sempre acreditei na independência. O sistema era fechado demais. Eu quis abrir espaço para histórias que ninguém queria ouvir”, disse o ator em 2018.

Redford chegou ao estrelato com a comédia Descalços no Parque (1967), ao lado de Jane Fonda. Mas logo recusou papéis em filmes como A Primeira Noite de um Homem, optando por não se prender à imagem de galã. Em 1969, consagrou-se com Butch Cassidy, contracenando com Paul Newman, com quem voltou a dividir a tela em Golpe de Mestre (1973), vencedor do Oscar.

Nos anos seguintes, estrelou obras como Nosso Amor de Ontem (1973), O Grande Gatsby (1976) e o aclamado Todos os Homens do Presidente (1976), no qual interpretou o jornalista Bob Woodward, um dos responsáveis por revelar o escândalo Watergate. Redford também abordou a política em O Candidato (1972) e o suspense geopolítico Três Dias do Condor (1975).

Na década de 1980, Redford começou a se afastar das telas e se dedicou à direção. Seu primeiro trabalho atrás das câmeras, Gente Como a Gente (1980), venceu o Oscar de melhor filme e lhe rendeu o prêmio de melhor diretor, superando produções como Touro Indomável, de Martin Scorsese.

Ele seguiria dirigindo títulos elogiados como Nada É Para Sempre (1992) e Quiz Show (1994), este último indicado ao Oscar por revelar bastidores de escândalos em programas de TV nos anos 1950.

Além do cinema, Redford atuou ativamente em causas ambientais. Militante da preservação desde os anos 1970, ele defendeu leis como a do Ar Limpo e da Água Limpa, e participou do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais. “Vi Los Angeles se transformar em uma cidade de poluição e estradas. Isso me marcou”, disse em entrevista.

Apesar da postura engajada, não gostava de ser rotulado como ativista. “É uma palavra pesada demais. Sempre fui só um cidadão preocupado”, afirmava.

Após reduzir suas aparições nos anos 2000, Redford voltou a ser elogiado em Até o Fim (2013), drama solitário sobre um homem à deriva no mar. Depois, surpreendeu ao integrar o universo Marvel como Alexander Pierce em Capitão América: O Soldado Invernal (2014) e Vingadores: Ultimato (2019).

Em 2018, anunciou sua despedida das telas com O Velho e a Arma, onde interpreta um criminoso carismático em fim de carreira. “Acho que chegou a hora de me aposentar. Quero passar mais tempo com minha família”, declarou na ocasião.

Mesmo distante dos holofotes nos últimos anos, Redford deixou um legado que ultrapassa as bilheterias. Seu impacto cultural, especialmente na valorização do cinema independente, continuará influenciando gerações de artistas.