Dólar fecha abaixo de R$ 5,30 após cinco quedas seguidas
Moeda americana recua 14% no ano e mantém trajetória de baixa em meio à aposta de que o Federal Reserve vai reduzir a taxa básica ainda em 2024
DÓLARO dólar voltou a cair nesta terça-feira (16) e encerrou o pregão cotado a R$ 5,2981, queda de 0,44%. Foi o quinto recuo consecutivo da moeda americana, que acumulou baixa de 2,54% nesse período e rompeu o piso de R$ 5,30. No ano, a desvalorização já soma 14,27%.
O movimento acompanha a fraqueza global do dólar, em meio às apostas de que o Federal Reserve reduzirá os juros nos Estados Unidos em até 0,75 ponto percentual até o fim do ano. O índice Dollar Index (DXY), que mede a força da moeda frente a seis divisas fortes, caiu mais de 0,60% e atingiu 96,556 pontos, no menor nível em quatro anos.
Apesar de a valorização ter sido mais tímida em relação a outras moedas latino-americanas, como o peso chileno e o mexicano, o real segue entre as divisas emergentes com melhor performance nos últimos dias. O ambiente externo mais favorável e os juros altos no Brasil reforçam o interesse de investidores em operações de carry trade.
Segundo analistas, a expectativa é que a chamada “Super Quarta” traga corte de 25 pontos-base nos juros americanos, enquanto o Comitê de Política Monetária (Copom) deve manter a Selic em 15% ao ano. A diferença entre as taxas amplia o apetite de investidores estrangeiros por ativos brasileiros.
Dados divulgados pelo IBGE mostraram que a taxa de desemprego caiu para 5,6% no trimestre encerrado em julho, o menor nível da série histórica da Pnad Contínua. O resultado reforça a avaliação de que o Copom não deve iniciar cortes de juros antes de janeiro de 2026.
“O mercado de trabalho e a inflação de serviços justificam a manutenção da Selic em 15%”, disse Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo. Para ele, eventuais sinais de cortes podem aparecer apenas na virada do ano.
Economistas ouvidos em evento do Banco Safra em São Paulo avaliaram que o cenário externo segue positivo para moedas emergentes. Daniel Weeks, da Safra Asset, destacou que juros mais baixos nos EUA estimulam a entrada de recursos no Brasil. Já Carlos Viana, da Kapitalo Investimentos, afirmou que a taxa básica americana pode cair de 4,5% para 3,75% nos próximos meses, ampliando o enfraquecimento do dólar.
Enquanto o foco dos investidores esteve na Super Quarta, o debate fiscal no Brasil teve pouco impacto sobre os mercados. O senador Renan Calheiros (MDB-AL) anunciou que pautará, na próxima terça (23), o projeto que limita a dívida consolidada da União e um texto alternativo para ampliar a isenção do Imposto de Renda a salários de até R$ 5 mil.
No fim do dia, a internação do ex-presidente Jair Bolsonaro em Brasília movimentou o mercado de juros futuros, mas não alterou a trajetória do câmbio. Analistas apontam que a possível fragilidade do ex-presidente pode fortalecer o nome do governador Tarcísio de Freitas na corrida eleitoral, o que agrada parte do mercado financeiro.