Gabriel Hirabahasi e Aline Bronzati | 16 de setembro de 2025 - 16h43

Na ONU, Lula deve defender soberania e democracia em meio a atrito com Trump

Presidente brasileiro abre os discursos da Assembleia-Geral na terça-feira (23) e deve adotar tom ameno para evitar confronto direto com líder americano

POLÍTICA INTERNACIONAL
Lula abre os discursos da Assembleia-Geral da ONU e deve evitar ataques diretos a Donald Trump. - Fptp: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve aproveitar a 80ª sessão da Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, para defender soberania, democracia e multilateralismo, mas sem partir para ataques diretos ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, segundo apurou o Estadão/Broadcast.

Lula embarca no fim de semana para os EUA e permanece até quarta-feira, 24. Além do discurso de abertura na ONU, o presidente terá agendas paralelas, como a Semana do Clima de Nova York e um encontro promovido por França e Arábia Saudita sobre a Palestina.

Relação em crise

As tensões entre Brasil e EUA se intensificaram após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro, com o governo Trump ameaçando novas sanções ao País. Entre elas, tarifas adicionais sobre produtos brasileiros, restrição de vistos para autoridades e possível ampliação da aplicação da Lei Magnitsky a ministros e familiares.

O secretário de Estado americano, Marco Rubio, afirmou à Fox News que os EUA anunciarão “medidas adicionais” contra o Brasil nos próximos dias.

Discurso moderado

Diplomatas brasileiros indicam que Lula deve evitar citações diretas a Trump, especialmente após artigo publicado no The New York Times no qual acusou os EUA de buscarem “impunidade” para Bolsonaro. A expectativa é que Lula reforce a defesa da democracia, mencionando de forma discreta o julgamento do ex-presidente.

Além disso, deve destacar:

Reconhecimento do Estado da Palestina;

Solução pacífica para a guerra na Ucrânia;

Convite para a COP-30, em Belém (2025);

Compromissos ambientais e climáticos.

Na quarta-feira, 24, Lula também presidirá um encontro sobre democracia e participará da Cúpula das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), dentro do Acordo de Paris.

Reuniões bilaterais

Segundo o Itamaraty, a única agenda confirmada até agora é o encontro com o secretário-geral da ONU, António Guterres, antes do discurso. Outras bilaterais seguem em negociação.

O presidente encerrará a viagem com uma coletiva de imprensa em Nova York, na quarta-feira (24), antes de retornar ao Brasil.