Daniel Vila Nova | 16 de setembro de 2025 - 12h45

Padilha minimiza cancelamento de visto e diz estar focado em programa do SUS

Ministro afirma que 'não está nem aí' para restrição de entrada nos EUA e reforça prioridade em ampliar acesso a especialistas no SUS

SAÚDE PÚBLICA
Ministro Alexandre Padilha durante anúncio de mudanças no Cartão SUS - Foto: Pedro Kirilos/Estadão

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou nesta terça-feira (16) que não está preocupado com o cancelamento do visto de entrada de sua esposa e filha nos Estados Unidos. A medida faz parte de sanções impostas pelo governo norte-americano a autoridades brasileiras. Durante conversa com jornalistas, Padilha ironizou a situação citando o refrão da música de Luka: "Tô nem aí".

Apesar de ter sido convidado para a conferência da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e para a Assembleia Geral da ONU, que acontece na próxima semana em Nova York, o ministro disse que ainda não decidiu se irá aos eventos. “Vocês estão mais preocupados com o visto do que eu. Tô nem aí”, declarou.

Segundo ele, sua atenção está voltada à aprovação da Medida Provisória do programa Agora tem Especialistas, principal aposta do governo Lula 3 na área da saúde. O programa busca ampliar o acesso da população a atendimentos especializados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), encurtando filas e fortalecendo o cuidado em diversas regiões do país.

Visto expirado

Embora o visto da esposa e da filha de dez anos tenha sido cancelado pelo governo dos EUA no mês passado, Padilha explicou que sua própria autorização para entrada no país já estava vencida desde 2024, o que significa que tecnicamente ele não teve o visto revogado.

O gesto do governo norte-americano é parte das medidas diplomáticas de restrição a pessoas ligadas a atos antidemocráticos no Brasil. Embora o ministro não esteja diretamente incluído na lista de sanções, o cancelamento dos vistos de sua família foi visto como um sinal de tensão diplomática.

Críticas a Eduardo Bolsonaro

Padilha também aproveitou o momento para alfinetar o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro. O parlamentar, que está nos Estados Unidos, teria atuado para articular pressões internacionais contra o governo brasileiro, especialmente durante o julgamento que pode tornar Jair Bolsonaro inelegível.

“Só fica preocupado com visto quem quer ir para os Estados Unidos. Eu não quero ir para os Estados Unidos. Só fica preocupado com visto quem quer sair do Brasil ou quer ir para lá fazer lobby de traição da pátria como alguns estão fazendo. Não é meu interesse. Tô nem aí em relação a isso”, afirmou Padilha.

CPF no lugar do cartão do SUS

Durante a mesma coletiva, o ministro também anunciou uma mudança significativa no sistema de registro dos usuários do SUS. A partir de agora, o CPF passará a ser o identificador único dos pacientes na rede pública, substituindo o tradicional cartão do SUS.

A medida pretende simplificar o acesso e o registro dos atendimentos, além de integrar melhor os dados dos usuários entre os diferentes níveis de atendimento e sistemas estaduais e municipais de saúde.

Padilha destacou que a unificação via CPF permitirá uma gestão mais eficiente e segura das informações médicas dos cidadãos. Segundo ele, a mudança é mais um passo para modernizar a saúde pública brasileira, com foco na digitalização dos serviços e na centralização de dados.