Da Redação | 16 de setembro de 2025 - 10h45

"Quem gasta mais do que arrecada termina no vermelho", diz Azambuja

Ex-governador defende cortes e reformas; critica número de ministérios e alerta para risco fiscal

EQUILÍBRIO FISCAL
O ex-governador de MS, Reinaldo Azambuja, concedeu uma entrevista ao Giro Estadual de Notícias - (Foto: A Crítica)

O ex-governador de Mato Grosso do Sul Reinaldo Azambuja (PSDB) afirmou nesta terça-feira (16) que o governo federal precisa adotar reformas estruturais e cortar gastos para evitar novos desequilíbrios nas contas públicas.

"O Brasil precisa encarar a realidade: não se pode gastar mais do que arrecada. Quem ganha cinco e gasta sete termina no vermelho. É isso que o país está vivendo", disse Azambuja, durante entrevista ao programa Giro Estadual de Notícias, transmitido pelo Grupo Feitosa de Comunicação e pelas redes sociais do jornal A Crítica.

Segundo ele, o número atual de ministérios - 38 pastas - representa um "inchaço da máquina pública" que compromete investimentos em áreas prioritárias. "Não faz sentido manter 39 ministérios. Esse modelo consome recursos que poderiam ser investidos em saúde, segurança e infraestrutura, áreas que mudam a vida das pessoas", afirmou.

Azambuja cobra cortes e reformas, critica excesso de ministérios e alerta para risco fiscal no Brasil

Azambuja defendeu que o ajuste fiscal deve vir acompanhado de uma reforma administrativa que reduza o custo da máquina pública e aumente a eficiência do Estado. "Gastar menos com a máquina e mais com as pessoas é o caminho para o Brasil crescer com segurança jurídica e equilíbrio fiscal."

Durante a gestão federal em 2023, as contas do governo central (Tesouro, Banco Central e Previdência) fecharam com déficit de R$ 228,5 bilhões, ou cerca de 2,1% do PIB. Em 2024, houve melhora: o déficit caiu para R$ 43 bilhões (0,36% do PIB), número dentro da meta estabelecida pelo novo arcabouço fiscal. Sem os gastos emergenciais com calamidades, o rombo recuaria para R$ 11 bilhões.

"O Brasil precisa encarar a realidade: não se pode gastar mais do que arrecada. Quem ganha cinco e gasta sete termina no vermelho"

Apesar do recuo no desequilíbrio fiscal, o ex-governador avalia que é preciso seguir com os ajustes. "Reforma é como obra em casa: levanta poeira, incomoda, mas garante o futuro", afirmou. Ele citou a reforma da Previdência feita em Mato Grosso do Sul como exemplo de medida impopular, mas necessária. "Não é retirar direitos, é assegurar que eles continuem existindo."

No debate sobre a estrutura da Esplanada, Azambuja voltou a criticar a ampliação do número de ministérios no atual governo, que chegou a 39 com a criação da Secretaria Extraordinária para Reconstrução do RS, hoje extinta. "Não dá para aceitar o inchaço por conveniência política. É preciso responsabilidade com o dinheiro público."

Azambuja critica 39 ministérios e diz que Brasil precisa gastar menos com governo e mais com pessoas

Dados do Tesouro Nacional mostram que os gastos de manutenção do governo cresceram mesmo com estruturas mais enxutas nos anos anteriores. Em 2019, com 22 ministérios, o custo de operação foi de R$ 301,6 bilhões. Em 2021, com 23 pastas, o valor chegou a R$ 325,4 bilhões. Para Azambuja, esse ritmo de crescimento reforça a necessidade de controle de despesas obrigatórias e revisão de estruturas administrativas.

A arrecadação federal em 2024 somou R$ 2,709 trilhões, a maior em 30 anos, segundo dados da Receita Federal. Já as despesas ficaram em R$ 2,205 trilhões, com leve redução real em relação a 2023. Para o ex-governador, o desafio está em manter o equilíbrio entre arrecadação crescente e um gasto público eficiente.

"O governo precisa parar de gastar à toa. O lema que adotei no meu governo foi: gastar menos com o governo para gastar mais com as pessoas. O Brasil precisa seguir esse caminho", finaliza. Confira a entrevista na íntegra: