Velório de Ruy Ferraz Fontes ocorre nesta terça na Alesp; ex-delegado será sepultado no Morumbi
Ex-delegado, morto em emboscada na Praia Grande, será homenageado por sua trajetória de mais de 40 anos na Polícia Civil paulista
SÃO PAULOO velório do ex-delegado-geral de São Paulo Ruy Ferraz Fontes está marcado para esta terça-feira (16), das 10h às 15h, no Hall Monumental da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), no Palácio 9 de Julho, na capital. O sepultamento será realizado às 16h no Cemitério da Paz, no bairro do Morumbi, zona sul de São Paulo.
Fontes foi morto na noite de segunda-feira (15), em uma emboscada na cidade de Praia Grande, no litoral paulista, após deixar a sede da prefeitura, onde atuava como secretário de Administração Pública. Ele havia cumprido expediente normalmente antes do atentado.
Com mais de quatro décadas de atuação na Polícia Civil, Ruy Ferraz Fontes foi uma das figuras mais respeitadas da segurança pública paulista. Ocupou cargos de destaque, como o de diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap), além de ter atuado em departamentos estratégicos como o DHPP (Homicídios), Denarc (Narcóticos) e Deic (Investigações Criminais).
Entre 2019 e 2022, chefiou a Polícia Civil como delegado-geral do Estado, nomeado durante o governo João Doria. Sua gestão foi marcada pela firme atuação contra o crime organizado, em especial o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Em 2006, Fontes foi o responsável por indiciar a cúpula da facção, incluindo seu líder, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola. Essa ação resultou no isolamento dos principais chefes do PCC na penitenciária 2 de Presidente Venceslau.
Facção pode estar por trás da execução
A polícia investiga a possibilidade de que o atentado tenha sido cometido por integrantes da Sintonia Restrita — braço do PCC conhecido por organizar ações violentas e sofisticadas. O grupo já foi alvo de investigações por planejar o sequestro de autoridades como o ex-juiz Sérgio Moro e o promotor Lincoln Gakiya, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).
As circunstâncias da morte de Fontes, com uso de armas longas, perseguição e execução pública, reforçam a hipótese de um crime planejado por criminosos com acesso a logística e armamento pesado.
Último dia de trabalho
Fontes trabalhava como secretário municipal de Administração em Praia Grande e, segundo relatos, não tinha atividades ligadas diretamente à segurança. Ainda assim, ele vinha demonstrando preocupação com sua segurança e a de sua família, especialmente após um assalto sofrido em 2023.
O crime chocou autoridades e integrantes da Polícia Civil. A Assembleia Legislativa divulgou nota destacando sua trajetória e contribuição para o Estado. “Atuou com excelência nas principais divisões da Polícia Civil paulista e será lembrado por seu compromisso com a justiça e com a sociedade”, diz o texto.