Marcelo Godoy e Caio Possati | 15 de setembro de 2025 - 20h05

Ex-delegado-geral de São Paulo Ruy Ferraz Fontes é morto em emboscada na Praia Grande

Conhecido por atuar contra o PCC, ele chefiou a Polícia Civil entre 2019 e 2022 e atualmente era secretário em Praia Grande

ASSASSINATO
Ruy Ferraz Pontes foi morto a tiros na Baixada Santista. - (Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO)

O ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, foi assassinado nesta segunda-feira (15) em uma emboscada na Praia Grande, no litoral sul paulista. Fontes, que atualmente ocupava o cargo de secretário de Administração Pública do município, foi atingido por criminosos armados quando deixava a sede da prefeitura.

Segundo a investigação inicial, ele foi seguido por homens em uma caminhonete Hilux. Imagens de câmeras mostram que o ex-delegado tentou escapar em alta velocidade, mas acabou atingido por um ônibus em um cruzamento. O carro capotou e, em seguida, os criminosos desceram com fuzis e dispararam contra ele. Fontes reagiu e teria baleado um dos atacantes antes de morrer.

Ruy Ferraz Fontes era um dos nomes mais conhecidos da Polícia Civil paulista, com mais de 40 anos de carreira. Entre 2019 e 2022, chefiou a corporação no governo João Doria e ganhou notoriedade pela atuação contra o Primeiro Comando da Capital (PCC). Em 2006, foi responsável pelo indiciamento da cúpula da facção, incluindo o líder Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola. Em 2019, comandou a transferência de integrantes do grupo para presídios federais.

O ex-delegado também esteve à frente de departamentos estratégicos como o Denarc e o Deic, liderando investigações contra narcotraficantes como Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, preso em 2020 em Moçambique. Ele já havia escapado de planos de execução atribuídos ao PCC, como em 2010, quando criminosos pretendiam matá-lo após sua atuação no combate a roubos a bancos.

Uma das linhas de apuração da polícia aponta a possível participação da Sintonia Restrita, braço armado do PCC responsável por atentados e planos de sequestro contra autoridades como o ex-juiz Sérgio Moro e o promotor Lincoln Gakiya. “Ainda não podemos afirmar, mas vamos tentar localizar o criminoso que ele teria baleado”, disse o delegado Oswaldo Nico Gonçalves, secretário-adjunto da Segurança Pública.

Fontes assumiu a Secretaria de Administração de Praia Grande em janeiro de 2023 e seguia na função na atual gestão municipal.