Da Redação | 15 de setembro de 2025 - 17h00

'Fiz das letras o meu viver': Tânia Mara celebra 53 anos de literatura com amor ao Pantanal

Autora pantaneira com mais de 200 livros publicados, Tânia Mara de Matogrosso é referência na literatura brasileira ao retratar com orgulho a cultura, história e natureza do Mato Grosso do Sul

CULTURA REGIONAL
A escritora Tânia Mara de Matogrosso, natural de Rio Verde de Mato Grosso (MS), completa em 2025 um marco impressionante: 53 anos de trajetória literária. - (Foto: Reprodução)

A escritora Tânia Mara de Matogrosso, natural de Rio Verde de Mato Grosso (MS), completa em 2025 um marco impressionante: 53 anos de trajetória literária. Conhecida como “a autora pantaneira”, ela é uma das poucas escritoras no Brasil que se dedica quase que exclusivamente a registrar, preservar e enaltecer a cultura do Pantanal por meio da literatura, com um detalhe importante: escreve todos os gêneros.

“Comecei a escrever ainda criança, inspirada pelo meu pai, Lázaro de Brito, que era apaixonado por livros e nos presenteava com leituras. Ele lia para a família inteira”, conta Tânia. Esse primeiro contato com os livros foi o que acendeu a paixão que hoje se transforma em mais de 300 obras escritas e cerca de 200 já publicadas.

Mas Tânia não se contentou em apenas seguir o que já existia. “Criei meu próprio estilo. Não gosto de copiar, gosto de inovar e meus leitores gostam dessas inovações”, explica. Parte dessa originalidade está em termos como Coletânia, Poetânia, Filosotânia, Invertânia, Setânia, Artestânia, entre outros, que combinam criatividade com essência regional.

Um exemplo marcante é a Invertânia, onde suas frases podem ser lidas do começo ao fim ou do fim ao começo, sem perder o sentido. “Fiz das letras o meu viver. O meu viver eu fiz das letras”, exemplifica.

A paixão de Tânia pela natureza e pela história da região onde vive é o combustível da sua produção. “Sou a escritora que mais escreve sobre a região onde vive. Tenho mais de 80 livros sobre o Pantanal publicados. A maioria está esgotada”, diz, com orgulho.

Tânia Mara celebra 53 anos de carreira com mais de 200 livros publicados e forte compromisso com a cultura pantaneira - (Foto: Reprodução)

Suas obras vão muito além dos romances. Ela já escreveu livros de culinária pantaneira, contos, literatura infantil e infantojuvenil. “Até agora, escrevi oito livros sobre Rio Verde e Pantanal. Em 2026, lanço mais cinco”, antecipa. O fascínio pela história regional a levou a se tornar uma pesquisadora independente e historiadora dedicada à memória da sua terra natal.

“Todas as civilizações têm sua história, sua cultura e suas tradições. Conhecer a história do lugar onde moramos nos dá a oportunidade de vivenciar, pela leitura, a vida e a obra daqueles que eternizaram nossa cidade”, destaca.

Reconhecimento e missão - Tânia Mara já foi homenageada em diversos estados e até em outros países. Mas é um título que irá receber nesta terça-feira (16) que tem um valor especial: o de Embaixadora da Cultura de Rio Verde de Mato Grosso, concedido pela Câmara Municipal, por indicação do vereador Yhgor Chagas C. de Melo.

Tânia será homenageada nesta semana na Câmara Municipal de Rio Verde

“Essa homenagem é mais que especial porque aqui é o meu paraíso na Terra. Aqui eu sou mais feliz”, emociona-se. Para ela, esse reconhecimento é como um sinal divino: “É como se Deus falasse: continue. Está indo bem.”

Tânia também é membro da Academia Municipalista de Letras do Brasil (AMLB) e da Academia Brasileira de Comunicação (ABC), ocupando cadeiras cujos patronos são, respectivamente, Cecília Meireles e Paulo Emílio de Salles Chagas Eiró.

E os planos não param. Além de livros, Tânia escreve roteiros de filmes e séries para os Estados Unidos desde 2009. Seu novo contrato, que vai até 2034, amplia ainda mais sua presença no mercado audiovisual. “Agora, meu ciclo de 2024 a 2034 será mais voltado para roteiros, séries e filmes.”

Artista múltipla, Tânia também pinta quadros e realiza exposições, sempre com foco na valorização da natureza, da cultura pantaneira e da preservação do meio ambiente.

Em um mundo cada vez mais ameaçado por desmatamentos, queimadas e destruição ambiental, a autora pantaneira vê sua missão como um ato de resistência. “Luto de coração e alma pela preservação da natureza, em especial o Pantanal. Faço a minha parte e sigo divulgando minha região, meu estado e meu país para várias partes do mundo.”

E para quem está começando na escrita, ela deixa um conselho simples e direto: “Façam tudo por amor e com amor, sempre.”