'Fiz das letras o meu viver': Tânia Mara celebra 53 anos de literatura com amor ao Pantanal
Autora pantaneira com mais de 200 livros publicados, Tânia Mara de Matogrosso é referência na literatura brasileira ao retratar com orgulho a cultura, história e natureza do Mato Grosso do Sul
CULTURA REGIONALA escritora Tânia Mara de Matogrosso, natural de Rio Verde de Mato Grosso (MS), completa em 2025 um marco impressionante: 53 anos de trajetória literária. Conhecida como “a autora pantaneira”, ela é uma das poucas escritoras no Brasil que se dedica quase que exclusivamente a registrar, preservar e enaltecer a cultura do Pantanal por meio da literatura, com um detalhe importante: escreve todos os gêneros.
“Comecei a escrever ainda criança, inspirada pelo meu pai, Lázaro de Brito, que era apaixonado por livros e nos presenteava com leituras. Ele lia para a família inteira”, conta Tânia. Esse primeiro contato com os livros foi o que acendeu a paixão que hoje se transforma em mais de 300 obras escritas e cerca de 200 já publicadas.
Mas Tânia não se contentou em apenas seguir o que já existia. “Criei meu próprio estilo. Não gosto de copiar, gosto de inovar e meus leitores gostam dessas inovações”, explica. Parte dessa originalidade está em termos como Coletânia, Poetânia, Filosotânia, Invertânia, Setânia, Artestânia, entre outros, que combinam criatividade com essência regional.
Um exemplo marcante é a Invertânia, onde suas frases podem ser lidas do começo ao fim ou do fim ao começo, sem perder o sentido. “Fiz das letras o meu viver. O meu viver eu fiz das letras”, exemplifica.
A paixão de Tânia pela natureza e pela história da região onde vive é o combustível da sua produção. “Sou a escritora que mais escreve sobre a região onde vive. Tenho mais de 80 livros sobre o Pantanal publicados. A maioria está esgotada”, diz, com orgulho.
Suas obras vão muito além dos romances. Ela já escreveu livros de culinária pantaneira, contos, literatura infantil e infantojuvenil. “Até agora, escrevi oito livros sobre Rio Verde e Pantanal. Em 2026, lanço mais cinco”, antecipa. O fascínio pela história regional a levou a se tornar uma pesquisadora independente e historiadora dedicada à memória da sua terra natal.
“Todas as civilizações têm sua história, sua cultura e suas tradições. Conhecer a história do lugar onde moramos nos dá a oportunidade de vivenciar, pela leitura, a vida e a obra daqueles que eternizaram nossa cidade”, destaca.
Reconhecimento e missão - Tânia Mara já foi homenageada em diversos estados e até em outros países. Mas é um título que irá receber nesta terça-feira (16) que tem um valor especial: o de Embaixadora da Cultura de Rio Verde de Mato Grosso, concedido pela Câmara Municipal, por indicação do vereador Yhgor Chagas C. de Melo.
“Essa homenagem é mais que especial porque aqui é o meu paraíso na Terra. Aqui eu sou mais feliz”, emociona-se. Para ela, esse reconhecimento é como um sinal divino: “É como se Deus falasse: continue. Está indo bem.”
Tânia também é membro da Academia Municipalista de Letras do Brasil (AMLB) e da Academia Brasileira de Comunicação (ABC), ocupando cadeiras cujos patronos são, respectivamente, Cecília Meireles e Paulo Emílio de Salles Chagas Eiró.
E os planos não param. Além de livros, Tânia escreve roteiros de filmes e séries para os Estados Unidos desde 2009. Seu novo contrato, que vai até 2034, amplia ainda mais sua presença no mercado audiovisual. “Agora, meu ciclo de 2024 a 2034 será mais voltado para roteiros, séries e filmes.”
Artista múltipla, Tânia também pinta quadros e realiza exposições, sempre com foco na valorização da natureza, da cultura pantaneira e da preservação do meio ambiente.
Em um mundo cada vez mais ameaçado por desmatamentos, queimadas e destruição ambiental, a autora pantaneira vê sua missão como um ato de resistência. “Luto de coração e alma pela preservação da natureza, em especial o Pantanal. Faço a minha parte e sigo divulgando minha região, meu estado e meu país para várias partes do mundo.”
E para quem está começando na escrita, ela deixa um conselho simples e direto: “Façam tudo por amor e com amor, sempre.”