Exportações de café especial do Brasil aos EUA caem quase 80% após tarifa de 50%
Medida do governo Trump torna negócios inviáveis, e os EUA caem do 1º para o 6º lugar entre importadores de cafés especiais brasileiros em agosto
ECONOMIAAs exportações brasileiras de café especial para os Estados Unidos despencaram em agosto após a entrada em vigor de uma tarifa de 50% imposta pelo governo Donald Trump. Segundo a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), com base em dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), o Brasil enviou 21.679 sacas de 60 kg, queda de 79,5% em relação a agosto de 2024 e 69,6% em comparação com julho deste ano.
Até agosto, os EUA eram os principais importadores mensais do café especial brasileiro, mas em agosto caíram para a sexta posição, atrás de Holanda (62.004 sacas), Alemanha (50.463), Bélgica (46.931), Itália (39.905) e Suécia (29.313).
A presidente da BSCA, Carmem Lucia Chaves de Brito, a Ucha, explicou que contratos com importadores americanos estão sendo suspensos, cancelados ou adiados, já que a tarifa de 50% torna as negociações inviáveis devido ao aumento dos preços. Segundo ela, o impacto não afeta apenas produtores e exportadores, mas também consumidores nos EUA, com elevação no preço do café e pressão inflacionária.
Ucha destacou a importância de diálogo entre Brasil e EUA, principalmente após ordem executiva de Trump em 5 de setembro que permite reduzir tarifas recíprocas a zero para importações estratégicas, desde que cumpridos acordos comerciais. “É crucial que o setor privado mantenha conversas com importadores e o Departamento de Estado americano, e que o governo brasileiro abra negociações efetivas para restabelecer o fluxo de comércio de nossos cafés em condições justas”, declarou.