Redação | 15 de setembro de 2025 - 08h00

Secretário dos EUA, Marco Rubio visita Israel em meio a ofensiva em Gaza e tensão com os EUA

Senador americano chega a Jerusalém enquanto ataques israelenses deixam ao menos 13 mortos e aumentam críticas internacionais após operação contra líderes do Hamas no Catar

CONFLITO EM GAZA

O senador e secretário de Estado americano Marco Rubio desembarcou em Israel neste domingo (14), em um momento de forte escalada da violência na Faixa de Gaza. Nas últimas horas, as Forças Armadas israelenses intensificaram os bombardeios ao norte do território, destruindo prédios e matando pelo menos 13 palestinos, de acordo com hospitais locais.

Rubio afirmou, antes da viagem, que pretende ouvir as autoridades israelenses sobre os próximos passos em Gaza após a operação de Israel contra líderes do Hamas no Catar, realizada na semana passada. A ação israelense, que matou ao menos seis pessoas, frustrou as negociações para um cessar-fogo e provocou indignação no governo de Donald Trump, que não teria sido avisado previamente.

Durante a visita, Rubio se encontrou com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e visitou o Muro das Lamentações acompanhado de suas esposas e do embaixador dos EUA em Israel, Mike Huckabee. Netanyahu destacou a “força da aliança entre Israel e Estados Unidos”, comparando-a à solidez das pedras do Muro. Na sexta-feira anterior, Rubio e Trump haviam se reunido com o primeiro-ministro do Catar para tratar das consequências da operação israelense em Doha, evidenciando a tentativa da Casa Branca de equilibrar as relações entre seus aliados na região.

Enquanto isso, a ONU se prepara para um debate polêmico sobre o reconhecimento de um Estado palestino, medida rechaçada por Netanyahu. Em Doha, ministros de Relações Exteriores de países árabes e islâmicos se reuniram no domingo para formar uma frente unida contra o ataque israelense antes da cúpula prevista para esta segunda-feira (15).

Em Gaza, os ataques israelenses no domingo atingiram um veículo próximo ao hospital Shifa, uma rotatória na cidade de Gaza e uma tenda em Deir al-Balah, onde seis integrantes de uma mesma família — dois pais, três filhos e uma tia — morreram. A família havia fugido de Beit Hanoun na semana passada. O Exército israelense não comentou as ações, mas afirmou que o Hamas usava a região para vigiar movimentos das tropas. Moradores relataram a destruição de prédios, como a torre Kauther, menos de uma hora após ordens de evacuação publicadas online.

“Eles querem transformar toda a cidade em escombros e forçar uma nova Nakba”, disse Abed Ismail, morador da cidade de Gaza, em referência ao êxodo palestino de 1948. Israel nega as acusações de genocídio. O ministro da Defesa, Israel Katz, afirmou nas redes sociais que “o horizonte de Gaza está mudando”, junto a imagens dos ataques.

A crise humanitária se agrava. O Ministério da Saúde de Gaza informou que dois adultos morreram nas últimas 24 horas por desnutrição, elevando para 277 o número de óbitos relacionados à fome desde o fim de junho, além de 145 crianças mortas desde o início da guerra em outubro de 2023. Apesar de mais de 1,2 mil caminhões de ajuda humanitária terem entrado na região na última semana, organizações alertam que o volume é insuficiente e parte dos suprimentos é saqueada antes de chegar aos mais necessitados.

Equipes internacionais concluíram reparos em uma das três tubulações de água que ligam Israel a Gaza, aumentando para 14 mil metros cúbicos por dia o fornecimento de água potável. Mesmo assim, a população enfrenta um segundo verão de guerra com acesso precário, correndo atrás de caminhões-pipa a cada dois ou três dias para garantir água para suas famílias.

O conflito começou em 7 de outubro de 2023, quando militantes do Hamas invadiram o sul de Israel, matando cerca de 1,2 mil pessoas e sequestrando 251. Ainda há 48 reféns em Gaza, sendo que Israel acredita que 20 estejam vivos. Desde então, a ofensiva israelense já matou ao menos 64.871 palestinos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, que afirma que cerca de metade das vítimas são mulheres e crianças. Grande parte das cidades foi devastada e aproximadamente 90% dos 2 milhões de habitantes foram deslocados.