Lula acusa EUA de buscar impunidade a Bolsonaro com tarifas e sanções
Em artigo no New York Times, presidente nega "caça às bruxas" e defende soberania e democracia brasileira
POLÍTICA EXTERNAEm um artigo publicado neste domingo (14), no New York Times, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou duramente o governo dos Estados Unidos, acusando-o de usar tarifas elevadas e sanções previstas na Lei Magnitsky com o objetivo de garantir “impunidade” para Jair Bolsonaro. O ex-presidente foi condenado pelo STF a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado.
Lula afirma que o julgamento no Supremo foi histórico, legalmente conduzido, e protege “nossas instituições e o Estado democrático de direito”. Ele também afirma que, embora esteja aberto ao diálogo e negociações benéficas para ambos os países, democracia e soberania brasileiras não estão em negociação.
Principais pontos do artigo
O presidente declara que não há justificativa econômica para tarifas impostas pelo governo americano contra produtos brasileiros, sugerindo que as razões são políticas.
Lula nega que o julgamento de Bolsonaro pelo STF seja uma “caça às bruxas”, termo usado por Donald Trump e por Marco Rubio, secretário de Estado dos EUA.
O presidente brasileiro cita descobrir planos de assassinato contra ele, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes nas investigações sobre o golpe.
Lula defende que o sistema de pagamentos brasileiro (PIX) promoveu inclusão financeira e que o Brasil não pode ser penalizado por criar um mecanismo eficiente, seguro e gratuito. Ele também rebate acusações de que o país pratica regulação injusta ou censura, dizendo que todas as plataformas são tratadas sob mesmas leis.
Também afirma que reduziu o desmatamento durante seu mandato.
Contexto e repercussão
O artigo surge em momento tenso entre Brasil e Estados Unidos, após a condenação de Bolsonaro e medidas americanas como sanções sob a Lei Magnitsky e tarifas de 50% impostas a produtos brasileiros. Essas iniciativas foram criticadas pelo governo Lula como tentativas de interferência externa.
O Itamaraty e autoridades brasileiras ressaltaram a independência do Judiciário, dizendo que o processo contra Bolsonaro seguiu os trâmites jurídicos previstos pela Constituição.